20.08.10 - HAITI
Camponeses denunciam planos da Monsanto para influir na política agrícola
Adital -
Logo após o terremoto de 12 de janeiro deste ano, ocorrido inesperadamente no Haiti, a Monsanto, empresa que produz 90% dos transgênicos plantados no mundo e é líder no mercado de sementes, anunciou que, para ajudar na recuperação da economia do país, doaria 475 toneladas de sementes de milho e de hortaliças, além de fertilizantes e pesticidas.
A ação, uma iniciativa do Fórum Econômico Mundial de Davos com o apoio da Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (Usaid), surgiu quando os membros das organizações conversavam sobre "o que poderiam fazer para ajudar o Haiti". Após a decisão, diversas empresas se engajaram paraefetivar a ‘ajuda’, entre elas, a multinacional UPS que se encarregou da logística e o programa WINNER, financiado pela Usaid, que ficou com o trabalho de distribuição e oferta de serviços técnicos para conseguir "aumentar a produtividade agrícola". Em maio, o país recebeu as primeiras remessas da ‘doação’. Cerca de 60 toneladas de sementes foram distribuídas ao governo para serem entregues, gratuitamente, às lojas administradas pelas associações de agricultores, que devem vender a um valor reduzido para os camponeses. Segundo informações na agência de notícias Kaos en La Rede, a Monsanto afirmou que o resultado da venda das sementes deverá ser utilizado pelas associações para investir na agricultura local
Há poucos dias, os camponeses contrários à entrada das sementes da Monsanto no Haiti estiveram reunidos em Assunção, no Paraguai, para participar do Fórum Social Américas (FSA), que aconteceu de 11 a 15 deste mês. Na ocasião, membros do Movimento Campesino Papaye (MPP, por sua sigla em francês), denunciaram a tentativa da Monsanto de causar uma dependência em suas sementes híbridas.
É certa a probabilidade de que esta dependência aconteça, caso as sementes comecem a ser utilizadas. Isto, porque as sementes distribuídas pela multinacional não podem ser reutilizadas e para continuar plantando os produtores rurais são obrigados a comprá-las da Monsanto. Da mesma forma, é necessário adquirir os produtos como pesticidas e fertilizantes. Outro problema, confirmado pela Via Campesina, é que o milho haitiano ficará contaminado pelo pólen do milho híbrido. Esta sucessão de implicações comprova que a doação não incrementará a soberania alimentar nem a autonomia campesina no país.
De acordo com Chavannes Jean-Baptiste, do MPP e da Via Campesina, a falta de sementes é uma realidade no Haiti, já que muitas famílias do campo utilizaram as sementes de milho para alimentar refugiados. No entanto, a situação não justifica o fato de o governo haitiano estar se aproveitando do terremoto "para vender o país para as multinacionais".
Para combater a concretização desta dominação e manipulação da agricultura para interesses particulares, camponeses e camponesas já realizaram diversas marchas e mobilizações. Durante o FSA, Jean-Baptiste, denunciou que as doações "são um ataque contra a agricultura camponesa e a biodiversidade" e avaliou que a Monsanto "se aproveitou do terremoto para entrar no mercado de sementes do Haiti". Ao mesmo tempo, no Haiti, 20 mil campesinos marcharam para demonstrar que não querem as sementes híbridas em seu país.
Com informações de Kaos em La Red e da Agência de Notícias Púlsar.
ESTUDO COMPROVA: Milho transgénico RR da Monsanto é tóxico:
O Greenpeace divulgou ontem estudo em que revela que o milho transgênico NK603 - conhecido como Roundup Ready (RR) tolerante ao herbicida a base de glifosato - produzido pela a multinacional Monsanto é "potencialmente tóxico".
O grão, aprovado na União Européia em julho de 2004, está na pauta de aprovação comercial da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e deve ser analisado quarta-feira na reunião da comissão. Além do milho RR, a CTNBio analisará outro milho da americana, o milho Guardian, resistente a insetos e pragas - o primeiro item da pauta da entidade.
Segundo o Greenpeace, os laboratórios do Comitê de Pesquisa e Informação Independentes sobre Engenharia Genética de Paris testaram o cereal modificado em ratos e verificaram que os animais apresentaram até 60 anomalias biológicas, após um prazo de 90 dias. Os ratos tiveram alterações no tamanho do fígado, cérebro, coração e dos rins e apresentaram grandes diferenças de peso em relação aos alimentados com milho normal.
Os laboratórios franceses questionaram a validade das avaliações de risco oferecidas pela Monsanto para obter a autorização da Comissão Européia. Os cientistas da Monsanto, diz a ONG, não colocavam em dúvida que o consumo do produto pudesse causar alterações nos animais, mas consideravam que não eram "biologicamente significativas". O Greenpeace exigiu a retirada do milho e a suspensão de todas as autorizações até que o sistema de avaliação de riscos da UE revise os relatórios da fabricante.
Fonte: Gazeta Mercantil
http://www.gazetamercantil.
Monsanto admite inseto resistente pelo uso de algodão Bt
Não é de hoje que organizações indianas de agricultores e de assessoria denunciam o desastre das lavouras de algodão Bt (tóxico a insetos) no país. São inúmeros os relatos de problemas, que vão desde o não controle das lagartas que atacam a planta, até baixa performance produtiva e má formação das maçãs
Monsanto admite inseto resistente pelo uso de algodão Bt
Car@s Amig@s,
Não é de hoje que organizações indianas de agricultores e de assessoria denunciam o desastre das lavouras de algodão Bt (tóxico a insetos) no país. São inúmeros os relatos de problemas, que vão desde o não controle das lagartas que atacam a planta, até baixa performance produtiva e má formação das maçãs (frutos onde se forma a fibra). As sementes são caríssimas e o fracasso das colheitas tem levado muitos agricultores à completa ruína. Este fenômeno tem sido associado também aos altíssimos índices de suicídio entre agricultores nas regiões produtivas. A Monsanto investiu pesadamente em propaganda e, apesar de todos esses problemas, conseguiu espalhar as lavouras de algodão Bt (conhecidas como Bollgard) por todo o país.
A novidade agora é que a própria Monsanto declarou que um inseto praga do algodão desenvolveu resistência ao seu Bollgard na Índia. A empresa disse que ?detectou sobrevivência incomum? de lagartas alimentadas com o algodão modificado que contém o gene Cry1Ac, que codifica a produção de uma proteína tóxica a alguns insetos. A informação está publicada na revista Science de 19 de março (www.sciencemag.org, vol 327 - Hardy Cotton-Munching Pests Are Latest Blow to GM Crops).
A empresa alega ser o ?primeiro caso no mundo de resistência relevante a campo aos produtos Cry1Ac?. Mas nós sabemos que isto não é verdade, e a própria Science menciona que ?Bruce Tabashnik, da Universidade do Arizona em Tucson (EUA), diz que cientistas já haviam relatado resistência a lavouras Bt na África do Sul e nos Estados Unidos.?
Pushpa M. Bhargava, ex-diretor do Centro de Biologia Celular e Molecular, em Hyderabad, que colaborou com o governo indiano no processo que levou à proibição da berinjela transgênica na Índia, declarou à Science que ?Isto deve ser um alerta. A Índia deveria estabelecer imediatamente uma moratória de dez anos sobre o uso e o cultivo de organismos transgênicos?.
Mas a suposta rendição da múlti estadunidense às evidências científicas tem no fundo motivação comercial. O próprio artigo da Science dá a pista: ?muitos dizem que o objetivo da empresa é induzir os clientes a comprar a semente Bollgard II, que é mais cara?. Os híbridos Bollgard II produzem duas proteínas Bt, ao invés de apenas uma como as sementes Bollgard.
A Índia é o segundo maior produtor de algodão, depois da China. O algodão transgênico foi introduzido no país em 2002 e, segundo estimativas do Instituto Central de Pesquisa sobre o Algodão, de Nagpur, alcançou 83% da área plantada com algodão no ano passado.
O Brasil já saiu na frente abrindo mercado para a Monsanto e outras. Aqui já foram liberados comercialmente 6 tipos de algodão transgênico, entre eles os Bollgard I e II. Ou seja, segue-se apostando em soluções ?mais do mesmo?. Quanto mais veneno se aplica numa lavoura, mas pragas aparecem. Da mesma forma, quanto mais transgênico se usa, mais pragas aparecem. As empresas, claro, estão sempre a postos para de pronto oferecer novidades tecnológicas: mais agrotóxicos e mais transgênicos.
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Confira trecho do vídeo O desastre do algodão transgênico na Índia, produzido pela Deccan Development Society e pela Andra Pradesh Coalition in Defense of Diversity: http://pratoslimpos.org.br/?p=