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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

III Jornada de Agroecologia da Bahia


Mesa de inscrições e credenciamento
Sem querer começar o texto de forma pessimista, confesso que a primeira coisa que reparei na jornada foi a ausência de qualquer representante do oeste. Triste por lembrar que quando as pessoas pensam na Bahia a primeira coisa que vem na cabeça é o litoral, a capital, o recôncavo, a mata atlântica do cacau e do chocolate, até um leve sertão lá pra cima e chapada no meio, mas nunca se lembram do oeste - dos rios, da fauna e flora quase não conhecidas nem faladas, de outro sotaque, cultura e formação histórica. A gente mal consegue nos impor a nível estadual, e só de lembrar que a proximidade é o Goiás ou DF, que são os apoios em termos de pesquisa no cerrado, incentivos (inclusive financeiros) e parcerias, ficamos diluídos e esquecidos e isolados no nosso próprio estado.

Mesa de abertura



Chegada de mais participantes
Mas fora essa análise sempre recorrente, vamos seguindo! Bom também ver como se fortalecem os laços entre o resto do estado e na capacidade dos indivíduos de agir de forma organizada e autônoma, sem necessidade de uma instituição puxando as coisas, e sim a constituição em forma de Teia e Elos, agregando iniciativas de assentadas, indígenas, quilombolas, estudantes, profissionais de diversas áreas.

O evento ocorreu durante 5 dias no Assentamento modelo Terra Vista, localizado em Arataca.
Reunião do coletivo NEPPA

Com a presença de místicas de abertura sobre identidade e história dos povos ali presentes, principalmente dos quilombolas e o toré indígena, os dias se iniciaram com mesas sobre agroecologia, ciência, sementes crioulas, educação, luta de classes e governo. Foram mais de 60 oficinas em dois dias com temas que iam de produção de cupolate ('chocolate' de cupuaçu, dois frutos presentes em abundância na região), manejo de aves e coleta de sementes nativas em dossel, até oficinas de turbante, tapete com TNT, zine e grafite.


Os fins de tarde contaram com a feira de produtos da economia solidária e troca troca de sementes, além de culturais realizadas num grande palco.


O que me fez um pouco de falta foi o cuidado na preparação de alimentação inclusiva, como opções vegetarianas/veganas e crudívoras, assim como práticas em algumas oficinas (como a de horta e de alimentação alternativa, que foram teóricas). 

Toré na abertura
Os atrasos constantes também sobrepuseram horários de oficinas, o que reduziu a possibilidade de várias pessoas participarem das que haviam se inscrito. O tour pelo assentamento não pôde ser realizado, tão grande a quantidade de ônibus e pessoas que chegavam a todo o tempo durante o evento, nos deixando também curiosas sobre como era a organização e produção local, assim como conhecer as áreas reflorestadas e pesquisas com espécies de cacau e outras. Mas fica pra uma próxima!

Fiquei muito feliz em ver a capacidade da galera de agregação, conseguindo trazer para o evento várias produtoras e movimentos sociais, saindo um pouco daquele ambiente de representações e trazendo as pessoas que constroem a luta no dia a dia, que se apresentam não como instituição e sim como assentamento, aldeia ou região, mostrando que a realidade se faz lá fora!

Esqueci de mencionar que as minas fizeram uma roda de conversa sobre maternagem muito especial e uma fogueira do Sagrado Feminino na lua nova, que culminou com uma homenagem e apoio à cacica Maria Muniz, que está sofrendo um processo na justiça e teve seu salário bloqueado, passando atualmente por dificuldades, e uma denúncia de assédio na UESC sofrida pela Nátali.
Mesa sobre academia

Ano que vem tem mais, fortalecendo a Teia Agroecológica dos Povos da Cabruca e da Mata Atlântica em mais uma jornada!


No site do evento vocês também podem ver mais fotos e postagens em cada dia de evento, assim como notícias sobre os eventos passados e outras articulações.

Pessoal indo para a coleta de sementes
Oficina de tapete de TNT e sacolas de plástico

Oficina de apicultura
Oficina intensiva de bonecas de cabaça

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Resenha - Cevisa & Promessa de Cera + Download Exclusivo!

Cordeis, Maracatus e Baião, é assim que o segundo álbum de Cevisa & a Promessa de Cera se chama. Com um tempero totalmente nordestino, Cevisa traz em suas composições influências desde elementos de sua cultura natal, em Bom Jesus da Lapa, oeste da Bahia, como o reisado até características do grande nordeste, como maracatus, baião, cordéis e tantas outras inspirações.
O álbum a todo momento vem envolto no ar místico que envolve as raízes do povo nordestino, ao mesmo tempo que conta do ar apaixonante que paira entre as dificuldades que já se tornam sinônimos da palavra nordeste.

 Sua musicalidade é extremamente plural, diga-se de passagem, é um álbum que tem uma produção excelente, desde os detalhes até as sonoridades mais aparentes, o disco conta com riffs de guitarras, percussão e uma batida envolvente que já se firmou como o swing natural do nordeste.

Ouvir este disco é fazer uma viagem pelo nordeste inteiro, em um momento você se encontra nos litorais como em Giranda do Amor Girar, em outro você se imagina entre as aventuras de lampião, como em Pé de Cabra, Pé de Bode. Cevisa te leva ainda para se sentir mais próximo da fé do povo nordestino, o que é em alguns momentos a única coisa que dá suporte para aguentar a realidade tão dura espalhada pelos sertões.
Mas, não é só de dificuldades que o povo nordestino vive, tem muito xamego do bom, muita dança que acalenta os corações na noite. Em músicas como Saia Bordada, temos um misto praticamente completo do que Cevisa traz em suas composições; uma viagem pelo nordeste, a sedução da dança nordestina, e ainda como plano de fundo características da religiosidade, tudo isso numa levada calma, e ainda sim viajante.
Em resumo, ouvir Cevisa & Promessa de Cera é ouvir uma viagem ao que o nordeste tem para oferecer, além disso é uma ótima maneira de conhecer a cultura nordestina, ou relembrar coisas da terra natal.
Enfim, apresento-vos o link para download, autorizado pelo próprio Cevisa, faça bom uso, e não se esqueça de comprar o cd ou ir ao show se tiver oportunidade, garanto que não irá se arrepender!
Link: http://www.mediafire.com/download/xrm8npeqnteql2q/Promessa+de+c%C3%AAra.rar



quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Zine novo na área: permita-se

Oi galera! 
Estamos com uma ótima notícia, viemos aqui falar sobre o lançamento de um zine novo, o permita-se (clique nas imagens para ver maior).
É uma coletânea de textos e imagens que partem da temática do auto conhecimento e auto cuidado, falando sobre masturbação feminina, auto exame, amor próprio, entre outras coisinhas legais.
Fizemos ele com muito carinho! Se alguém tiver dúvida ou quiser algum (estamos passando ele por R$6 + correio), entra em contato pelo mail anabelle_rockenbouer@riseup.net







domingo, 3 de agosto de 2014

Está no ar Terra Sem Lei Cast #1!


Como prometido, acaba de ficar on line a primeira edição do podcast do blog, nesta edição tem muita música e informação.
Espero que gostem, muita coisa ficou pras próximas edições por causa do tempo, então, assim que possível teremos o podcast#2 com mais coisas!
Caso tenham pedidos, sugestões, críticas, ou qualquer outra coisa, é só postar nos comentários!


Ouça ou baixe clicando aqui: Terra Sem Lei Cast #1.mp3



Terra Sem Lei de volta!

Depois de um bom tempo sem postar pelo blog, com o tempo e várias dificuldades e interesses diferentes fazendo com que essa iniciativa ficasse parada por tanto tempo, uma nova ideia surge: Criar um podcast para o blog. A ideia é juntar num programa de mais ou menos uma hora, com lançamento mensal (talvez com mais de uma edição por mês) material interessante, notícias, entrevistas, músicas e o que mais couber.
Então fiquem atentxs, vai voltar a rolar o blog, mesmo que em forma de audio, o Terra Sem Lei vai sobreviver!

domingo, 15 de junho de 2014

As Mina no Comando - Punch, Anti-Corpos, Sara Donato e As Mina do Coco em São Carlos


Dia 29 de maio tivemos um evento no Palquinho da Federal (UFSCar), com várias bandas de mina, exposição de arte feminista e oficina de zines e stêncil.
As oficinas foram dadas por e para meninas, com a Monique do Comuhna e Eletra. Participei apenas da primeira, na qual fiquei surpresa ao ver zines sobre anarquismo, libertação animal, straigth edge e o pior de tudo: várias edições do Terra Sem Lei estavam lá! Fiquei boquiaberta... Inclusive algumas edições do Reviva, zine do oeste da Bahia.

 
Já os shows... ah, os shows! Sara Donato sem papas na língua, mandando a real da periferia 'made in roça', questionando padrões de beleza, voz firme e com sotaque paulista!

Na sequência tivemos as minas tocando coco, que ainda não é um grupo com nome e tudo certinho, mas foi uma energia muito foda, tava um frio e apareceram várias minas rodando saia, uma roda super linda, com muito respeito, de meninos e meninas batendo palmas com aquele sorrisão no rosto ^^ faltou mais repertório!

 















O show da Anti-Corpos foi aquele pogo foda de sempre (pena que sempre tem uns otários achando que roda é pra bater em quem tá mais perto, e tem que ficar tomando puxão de orelha e chamada no microfone pra não ficar com capacete (???) no meio da roda, sendo sem noção com quem tá perto). O show era nosso, a roda também - então depois de um tempo tudo se normalizou e ficou lindo... com aquela parte empoderadora que é as minas trocando de instrumento, mostrando que todas podemos aprender coisas novas, mesmo que pareça difícil.








O show da Punch foi demais também, pena que muita gente lá não conhecia a banda e estranhou um pouco o som, e não rolou uns pogos matadores como em outros lugares (que bom, ahaha) - o que não quer dizer não que teve uma energia imensa fluindo! Tava esperando super por esse dia, pensei que não ia conseguir pegar o show por ser tudo sempre em Sampa (sem contar que a turnê delxs intercalava Brasil e América Latina direto, no dia seguinte elas iam pro Peru e tal, galera bem ocupada).

 





 

Gratidão às minas que colaram, pogaram, tocaram, trocaram experiência, à galera que organizou, às amigxs queridas e conhecidas, valeu pela noite inesquecível!