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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Entrevista com a banda In Mundos - Vitória da Conquista (BA)




 Logo depois que o Festival Correnteza aconteceu, marcamos uma entrevista com o Tony Dias, vocalista da In Mundos, banda de Vitória da Conquista que tocou no segundo dia do evento, devido às ocupações e falta de tempo, só agora a entrevista ficou pronta, então aproveitamos, chamamos também o Akira (baixista) para escrever algumas considerações sobre a banda para lançar hoje, que é exatamente um mês depois da apresentação da banda no festival, que começou no dia 13.
No fim da entrevista tem um link para baixar a demo do pessoal.


Bom, pra começar primeiramente quero dizer que é mais do que foda conseguir trazer uma banda que além de ter acabado, é um lugar distante e eu praticamente não tenho nenhum contato com o pessoal. Mesmo assim como dizem por aí no undeground nós transformamos barreiras em possibilidades. Creio que não só a mim, como a todo mundo que esteve no segundo dia do Festival Correnteza a In Mundo deixou marcas, ótimas lembranças de um show épico, memorável e verdadeiramente underground. 
Agora depois dessas palavras mais do que merecidas, queria começar a entrevista com a banda perguntando, O que é a In Mundos? (quais as ideias por trás, influências, objetivos, integrantes...)
Por Akira, baixista da banda.

Para mim, a In Mundos nada mais é do que 4 loucos que sentem prazer em fazer muito barulho utilizando a criticidade do punk com a agressividade do metal. Nunca ganhamos nada por isso, aliás, só preju, (no máximo, algumas poucas doses de cachaça). A proposta principal das músicas é mostrar a contradição humana em forma de que soe algo divertido pra quem conheça nossas letras, mas com um forte tom de humor negro, é claro. 
Nossas principais influências vieram inicialmente do hardcore brasileiro de bandas como Blind Pigs, Mukeka di Rato, Gritando HC e Garotos Podres, bem como o HC americano também, como Black Flag, Misfits, Dead Kennedys, The Casualties, Adrenalin O.D. Posteriormente incorporamos ao nosso som o peso do metal, principalmente do Thrash Metal e Crossover sob a influencia de bandas como Ratos de Porão, Lobotomia, DRI, The Exploited, English Dogs, Hatebreed, e até mesmo os mais pesados como Brujeria, Sepultura e Superjoint Ritual. Alguns nos chamariam de Crossover, eu prefiro imaginar que nós representamos uma banda de MetalPunk, ou seja, uma união pura e simples entre estes dois estilos musicais, bem como seus fãs. Isso é devido a amplitude de gostos musicais que cada integrante possui. 
Não há muito o que falar sobre os nossos objetivos. Diria que sempre estivemos ai pra encher o saco e 'tacar sal' na ferida dessa sociedade hipócrita em que vivemos. Deve ser por isso que tivemos poucas oportunidades de tocar, mas agente não liga, queremos só tocar, trazer diversão pra nós e pra que gosta da gente, e rir da cara de quem não gostou (risos). Acho que Underground é isso e se for, estamos satisfeitos com o público que temos e com os amigos que formamos ao longo do tempo da banda. 
Para fechar essa introdução à entrevista, eu queria deixar claro que a In Mundos se tornou meio que um modo debochado e brincalhão da gente viver nossas vidas, ou simplesmente pra dizer "hoje é mundo!", ou seja férias de todas essas preocupações chatas que esse sistema de merda impõe em nossas vidas e diverti-nos e protestarmos, nem que seja por uma noite só, tentar lembrar de ser algo que se pareça com a 'liberdade'. A Família In Mundos (como chamávamos kkk) tem como integrantes Tony Dias 'In Mundo' (ou "Tonis Lima") nos vocaos, Jackson Batista 'In Mundo'  (vulgo "Pai Jax") nas guitarra, Akira Solís 'In Mundo' ("êêê galegooo") fingindo tocar baixo (risos) e Caio Neto 'In Mundo' ( aka. Zé Ruim ou boneco playmobil, resenha das antigas kkk) no espancamento harmônico de pratos e caixas. Agradeço desde já a todos que curtiram e se sacudiram no nosso show no Correnteza (que na minha opinião foi o nosso MELHOR nesse ano), alem de termos feito muitas amizades e curtições (abraço pra Alana, Patric, Murilo Xi Drinx, Suzana, Alysson, e o cara do som que era muito gente boa também kkk) fomos muito bem recebidos por vocês. 

Saudades e abraços a todos! 

Akira 'Em Worlds'. :D

Espero que gostem da entrevista com Tonis Lima!



Musicalmente como você definiria o som da banda?
A In Mundos começou lá nos meados de 2007 e nos primeiros anos da banda tocávamos um hardcore bem hardcore mesmo, é notável em músicas como Comer Farinha e nos covers que tocávamos, como por exemplo Mukeka di Rato, Blind Pigs e Garotos Podres. Mas devido a grande simpatia de alguns membros da banda também pelo metal, acabamos trazendo isso como influência também. Então diria que a In Mundos é Crossover.

Quando começou a banda?
Como respondi na pergunta anterior, a In Mundos começou em 2007 na garagem da casa de Juliano – que foi o primeiro baixista da banda -, era comum passarmos as tardes de domingo lá, bebendo e jogando baralho e em uma dessas tardes surgiu a ideia de montar uma banda, mesmo que ninguém soubesse tocar com exceção de Jackson que é o guitarrista até hoje. Fizemos uma força monstra para comprar os instrumentos, tentar tirar umas músicas e ensaiar.

A cena de Vitória da Conquista (BA) já teve seus anos de ouro na década passada, vocês são dessa época? Conte um pouco como foi esse apogeu e queda da cena...
Infelizmente não somos da melhor época da cena punk conquistense. A década de 90 e o comecinho dos anos 2000 foram tempos em que realmente tínhamos aqui um pessoal que fortalecia bastante o movimento da cidade. Bandas que acabaram como Renegados, Blas Fêmia e mais anteriormente Atestado de Pobreza, bandas que continuam na estrada até hoje como a Cama de Jornal fizeram e fazem alguns jovens ainda se divertirem em shows e festas. Sobre a queda dessa cena, sinceramente não saberia explicar o fator preponderante para isso, talvez por falta de incentivo e espaço para bandas mostrarem seus trabalhos, talvez pela predominância de outros estilos em relação ao punk, talvez porque algumas das pessoas que corriam atrás ficaram velhas e a galera mais nova não tem a mesma disposição... Não sei, o fato é que hoje aqui temos poucas bandas e pessoas que se dedicam a fazer esse som mais underground, geral quer tocar bonitinho para um público bonitinho.

Pode falar sobre a demo de vocês? Como foi a gravação, lançamento, inspirações...
Na verdade essa demo não é bem uma demo. Há alguns anos atrás quando estávamos mais empenhados com a banda, planejávamos gravar algo mais trabalhado, mas devido alguns imprevistos acabou não rolando. Essa gravação a que se refere foi apenas um ensaio que fizemos antes de tocarmos em Poções ano passado, gravamos o ensaio – e bem mal gravado por sinal – e distribuímos para galera lá, foi um número bem reduzido de cópias que circularam nas mãos da galera. Inclusive fiquei bastante surpreso quando soube que foi parar uma aí em suas mãos. 

Conte como está a vida de vocês hoje agora que a banda acabou (acabou mesmo?) quais são os planos? Bandas novas? Trampo? Faculdade?
É impossível dedicarmos nossas vidas em tempo integral para o underground, apesar de ser algo realmente sensacional, não dá para viver unicamente do som. E esse é um dos motivos para darmos uma parada em nossas atividades, quando éramos vagabundos era bem mais fácil, mas hoje é tanta ocupação que falta tempo para ensaiar, criar música e dedicar um tempo para a banda. Nós quatro fazemos faculdade e trabalhamos, agora vamos dar um tempo e ver o que a vida nos propõe.


Na sua opinião, qual a importância de ser punk no interior da Bahia?
Ah, acho que é algo realmente muito valioso, cara. Não é fácil ser punk em lugar nenhum, mas acho que na Bahia é muito difícil e no interior da Bahia então... Fico realmente entusiasmado e feliz quando visito cidades daqui e vejo um ou outro cara que curte e vive o punk rock, é muito gratificante.

Não podia faltar pelo menos uma pergunta sobre o Correnteza, conte aí suas impressões do evento, a estadia na cidade, o show de vocês...
Só tenho a agradecer à organização do Correnteza, foi muito prazeroso tocar em Correntina. Não imaginávamos que seria tão bom. Conhecemos pessoas e lugares que ficarão gravadas em nossas memórias por um longo tempo. Quanto ao show nosso, apesar de todas as adversidades – que são muito comuns nesse tipo de evento – gostei bastante. As poucas pessoas que estavam no show nos passaram uma energia muito boa. Foi demais ver a galera curtindo e cantando com a gente.

In Mundos - Eu Joguei Bosta na Polícia (Ao Vivo no Festival Correnteza)


Bom, para finalizar nossa curta conversa, queria deixar aqui registrado o que eu disse pessoalmente; a In Mundos vai fazer muita falta na cena com sua desativação, mas esperamos ver vocês ainda firmes por aí, tocando, fazendo zines, enfim no que for, que seja underground e sempre contra esse sistema imundo, abração forte e sincero do velho oeste da Bahia! (espaço aberto para falar qualquer coisa, inclusive coisas que talvez não estiveram contempladas pela entrevista e você acha relevante a se falar...)
Queria muito agradecer a todos que nesse tempo de banda nos ajudaram de alguma forma, indo aos nossos shows, ensaios, bebendo com a gente, criticando, dando opiniões, e tantas outras coisas, realmente nos ajudaram muito. Esse tempo de In Mundos foi prazeroso demais. Seria difícil citar nomes de quem nos ajudou nessa caminhada, mas foram muitos. Então abraço a todos que tiveram a oportunidade de curtir o nosso som, também espero que possamos fazê-lo mais vezes. Como dizem por aí... “Tamo no Mundão!!!”.

Download :  In Mundos -  Ensaio Demo 14-09-2011:http://www.mediafire.com/?p5kfp91zjz9l53l

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