Páginas

sexta-feira, 5 de junho de 2015

SEXODELIA


O processo de resgate da individualidade, quando gerado na atmosfera de dependência emocional e submissão a nível sexo-afetivo, é mais lento do que se deseja, porém vale a pena. Como alternativa ao casal baseado no amor romântico, por que não estabelecer vínculos inclusive quando se está solteira?

“O amor é pornografia extrema e as delícias de seus males devem estender-se em um processo de nudez contínua.” Warbear

Inspiração por puro desespero: estou com tesão a nível espiritual.

Me apaixonei por mim mesma e me dei conta de que cheguei na fronteira das minhas possibilidades. Porque há ocasiões em que seus limites mais extremos são as coisas mais absurdas que possa imaginar. Uma paixão à primeira vista que continua mesmo que se passem muitos meses. Porque há ocasiões em que paixões à primeira vista e outras emoções fortes e tonturas não vêm quando já há outra, às vezes, simplesmente, não se está para paixões.

Tenho te visto desde sempre, abaixei a guarda, não sabia a que me agarrar: o pânico havia me paralisado. Todavia não entendo porque algumas pessoas veem beleza aonde só vejo loucura, porque outras veem amor onde simplesmente visualizo uma via de escape baseado em apego a minhas proteções.


“O amor – dizia Pablo d'Ors – é pura e simplesmente confiança.
E prática, claro, porque a confiança também se exercita.”

Tenho medo de minhas emoções de amor/paixão porque em outras ocasiões em que confiei nelas fiz por pura necessidade de ter um chão debaixo de meus pés, e confundi confiar com precisar pertencer, e abusaram de mim de forma pouco poética: psicológica, física, brutal e genital. Não gosto de cair em vitimismos: apenas não sabia o que fazer em uma idade em que não sabia nem o que sentir em relação a mim mesma, em uma relação a uma orientação manchada pela misoginia.

Quando se tem fome, come-se até o que não deve. O amor não é violência, mas quando se está acostumada, nem se percebe. Porque você acredita que para continuar precisa do pior que possam te trazer as vivências.

Te ensinaram que amor é pertencimento, e você mordeu a isca e esteve presa em um anzol todo esse tempo, vivendo na crença de que amor era sofrimento e vergonha constante e que a dor era sintoma de que estava indo por um bom caminho; tudo que se pareça com a palavra ou com o significado que culturalmente foi construído, suas exemplificações e demais monstruosidades que fazem com que você deixe de existir em função de outros, te causando náuseas, te narcotizando. Repete tudo, e começa a questionar. Entende. Não quer voltar ao ponto que estava, jamais. Se esconde dentro de si, e o amor que sentia virou fobia do agora: mais que medo da outra, tem medo de si mesma. Nesse ponto em que vacila, esse ponto cego em que todo seu trabalho pessoal e interpessoal vai às favas você se envolve pelo seu direito a existir e se autorrealizar como mulher. Todos os discursos de gênero descarga abaixo. Todas as lições aprendidas que foram pelo ralo. Todo o progresso na lixeira da reciclagem. Tem medo se voltar e consertar a pele velha de cobra sob medida. Tem medo de volte a ser domada e domesticada agora que é livre sendo uma vagina selvagem.

                                           

Tem medo porque tem medo. Tem medo de voltar a ser menos você, e mais como era sua mãe.

Tem, enfim, medo do medo. Se não se autocontrolar e trabalhar justamente esse ponto, algumas questões não terão sentido. Porque ser experiente não é ter tido experiências, e sim ter tirado conclusões de si mesma das circunstâncias. E as 'de livro' não valem: as condutas se põem a prova atuando. Acreditar que não pode andar depois de suas pernas terem sido quebradas não te impossibilita de tentar de novo agora que estão perfeitamente cicatrizadas. Pouco a pouco, passo a passo. Não te julgue se seus joelhos começarem a tremer. Algumas emoções são simplesmente humanas, e não só as patológicas.

Não importa o quanto tem aprendido da ira, do medo, do patriarcado, de psicologia emocional, de consolidação da autoestima. Quando o medo atua não há nada racional, apenas essa parte ferida de ti. Desde a sua sombra. Mas você é mais forte do que o que te afeta.

Isso não depende de outra pessoa, apenas de você.

Pessoalmente, não sei o que quero, mas sei o que não quero.

O importante realmente é criar a própria definição de amor, fazendo uma desconstrução do estabelecido, e pra mim é o seguinte:


  • Amor não é se limitar a outra pessoa e sim ser livre e deixar que a outra pessoa seja também. 
  • Amor não é medo, e sim uma adrenalina que sobe pelos ovários sendo um mesmo acorde o que sente em cada momento . 
  • Amor não é culpa, e sim auto questionamento. 
  • Amor não é uma relação de poder, e sim serem simplesmente diferentes e desfrutar dessas distinções sem necessidade de mudança. 
  • Amor não é prostituição emocional: se deixar foder por ter alguém que a abrace de noite não é amor, e tampouco é sexualidade. 
  • Amor não é negociar os limites de outra pessoa por própria conveniência, e sim compartilhar conjuntamente pontos em comum. 
  • Amor não é mudar para fazer com que você se sinta melhor, mas sim para nos permitir compartilhar o momento enquanto estamos bem, e nos desapegarmos quando já não tenha sentido seguir viajando juntas. 
  • Amor não é se presentear com objetos e sim com mimos, que realmente não presenteia, mas simplesmente expressa o que você sente. 
  • Amor não é servir, nem aceitar subestimações nem humilhações, nem sozinha nem com ninguém. 
  • Amor não significa que meu tempo nem meu corpo estão disponíveis quando você quer, e muito menos só pra você. 
  • Amor não é assumir que a expressão de amor das outras tem que ser como o amor que sinto dentro de mim. 
  • Amor é liberdade. Eu faço amor comigo mesma.

Liberdade é escolher aquilo que sente que é melhor pra ti dentre determinadas emoções, tendo suficiente critério para não andar buscando resposta nos outros e questionando aquilo que se mostra como perfeito, colocando em seu lugar.

Amar tem mais a ver com ter a possibilidade de soltar, perder o controle, colocar a carne em brasa, sabendo que em alguma ocasião algum meteoro vai cruzar meu caminho e vai perder tudo o que planejava. Tem que ter ovários para abandonar a esperança de que as coisas vão ocorrer como se gostaria, e se abrir para o que virá. Isso, supostamente, implica um trabalho pessoal.

E é com a prática que se pode obter conclusões por escolha própria.

Quer um conselho? (morro de ódio quando as pessoas me dão conselhos)

Desconstrua o amor romântico e não estigmatize a solidão: você não precisa de nada para ser feliz, ou se autorrealizar. Os vínculos não tem motivos para levarem implícitos nenhuma classe de relação/contrato psicológico.

E não se esqueça, as pessoas que ama são as que são, não as que queria que fossem. Se quer ser algo, constrói-te a ti mesma de forma carinhosa e minuciosa: te asseguro que é um processo maravilhoso e muito gratificante. Também, você é a pessoa dentro da qual irremediavelmente vai viver o resto de sua vida.

Busque-se, investigue-se, escute-se, tente se entender e compreender. Conquiste-se, questione-se, expresse seus sentimentos e emoções. Aceite-se, construa-se e reconstrua-se quantas vezes acreditar que for necessário. Decida sobre seu corpo, para além de rótulos, fazendo aquilo que sente e lutando para não ter que viver em um contínuo conflito para ser e permanecer livre no prazer da existência de seu corpo.

Nunca se renda. Resista, refaça-se, imagine, creia e se cuide.

Trate-se com carinho, e seja flexível consigo mesma.

E nunca jamais se deixe explorar. Em todos os sentidos.


Texto traduzido do site Proyecto Khalo, que também está presente no zine Permita-se.
http://www.proyecto-kahlo.com/2014/02/sexodelia/

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

III Jornada de Agroecologia da Bahia


Mesa de inscrições e credenciamento
Sem querer começar o texto de forma pessimista, confesso que a primeira coisa que reparei na jornada foi a ausência de qualquer representante do oeste. Triste por lembrar que quando as pessoas pensam na Bahia a primeira coisa que vem na cabeça é o litoral, a capital, o recôncavo, a mata atlântica do cacau e do chocolate, até um leve sertão lá pra cima e chapada no meio, mas nunca se lembram do oeste - dos rios, da fauna e flora quase não conhecidas nem faladas, de outro sotaque, cultura e formação histórica. A gente mal consegue nos impor a nível estadual, e só de lembrar que a proximidade é o Goiás ou DF, que são os apoios em termos de pesquisa no cerrado, incentivos (inclusive financeiros) e parcerias, ficamos diluídos e esquecidos e isolados no nosso próprio estado.

Mesa de abertura



Chegada de mais participantes
Mas fora essa análise sempre recorrente, vamos seguindo! Bom também ver como se fortalecem os laços entre o resto do estado e na capacidade dos indivíduos de agir de forma organizada e autônoma, sem necessidade de uma instituição puxando as coisas, e sim a constituição em forma de Teia e Elos, agregando iniciativas de assentadas, indígenas, quilombolas, estudantes, profissionais de diversas áreas.

O evento ocorreu durante 5 dias no Assentamento modelo Terra Vista, localizado em Arataca.
Reunião do coletivo NEPPA

Com a presença de místicas de abertura sobre identidade e história dos povos ali presentes, principalmente dos quilombolas e o toré indígena, os dias se iniciaram com mesas sobre agroecologia, ciência, sementes crioulas, educação, luta de classes e governo. Foram mais de 60 oficinas em dois dias com temas que iam de produção de cupolate ('chocolate' de cupuaçu, dois frutos presentes em abundância na região), manejo de aves e coleta de sementes nativas em dossel, até oficinas de turbante, tapete com TNT, zine e grafite.


Os fins de tarde contaram com a feira de produtos da economia solidária e troca troca de sementes, além de culturais realizadas num grande palco.


O que me fez um pouco de falta foi o cuidado na preparação de alimentação inclusiva, como opções vegetarianas/veganas e crudívoras, assim como práticas em algumas oficinas (como a de horta e de alimentação alternativa, que foram teóricas). 

Toré na abertura
Os atrasos constantes também sobrepuseram horários de oficinas, o que reduziu a possibilidade de várias pessoas participarem das que haviam se inscrito. O tour pelo assentamento não pôde ser realizado, tão grande a quantidade de ônibus e pessoas que chegavam a todo o tempo durante o evento, nos deixando também curiosas sobre como era a organização e produção local, assim como conhecer as áreas reflorestadas e pesquisas com espécies de cacau e outras. Mas fica pra uma próxima!

Fiquei muito feliz em ver a capacidade da galera de agregação, conseguindo trazer para o evento várias produtoras e movimentos sociais, saindo um pouco daquele ambiente de representações e trazendo as pessoas que constroem a luta no dia a dia, que se apresentam não como instituição e sim como assentamento, aldeia ou região, mostrando que a realidade se faz lá fora!

Esqueci de mencionar que as minas fizeram uma roda de conversa sobre maternagem muito especial e uma fogueira do Sagrado Feminino na lua nova, que culminou com uma homenagem e apoio à cacica Maria Muniz, que está sofrendo um processo na justiça e teve seu salário bloqueado, passando atualmente por dificuldades, e uma denúncia de assédio na UESC sofrida pela Nátali.
Mesa sobre academia

Ano que vem tem mais, fortalecendo a Teia Agroecológica dos Povos da Cabruca e da Mata Atlântica em mais uma jornada!


No site do evento vocês também podem ver mais fotos e postagens em cada dia de evento, assim como notícias sobre os eventos passados e outras articulações.

Pessoal indo para a coleta de sementes
Oficina de tapete de TNT e sacolas de plástico

Oficina de apicultura
Oficina intensiva de bonecas de cabaça

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Resenha - Cevisa & Promessa de Cera + Download Exclusivo!

Cordeis, Maracatus e Baião, é assim que o segundo álbum de Cevisa & a Promessa de Cera se chama. Com um tempero totalmente nordestino, Cevisa traz em suas composições influências desde elementos de sua cultura natal, em Bom Jesus da Lapa, oeste da Bahia, como o reisado até características do grande nordeste, como maracatus, baião, cordéis e tantas outras inspirações.
O álbum a todo momento vem envolto no ar místico que envolve as raízes do povo nordestino, ao mesmo tempo que conta do ar apaixonante que paira entre as dificuldades que já se tornam sinônimos da palavra nordeste.

 Sua musicalidade é extremamente plural, diga-se de passagem, é um álbum que tem uma produção excelente, desde os detalhes até as sonoridades mais aparentes, o disco conta com riffs de guitarras, percussão e uma batida envolvente que já se firmou como o swing natural do nordeste.

Ouvir este disco é fazer uma viagem pelo nordeste inteiro, em um momento você se encontra nos litorais como em Giranda do Amor Girar, em outro você se imagina entre as aventuras de lampião, como em Pé de Cabra, Pé de Bode. Cevisa te leva ainda para se sentir mais próximo da fé do povo nordestino, o que é em alguns momentos a única coisa que dá suporte para aguentar a realidade tão dura espalhada pelos sertões.
Mas, não é só de dificuldades que o povo nordestino vive, tem muito xamego do bom, muita dança que acalenta os corações na noite. Em músicas como Saia Bordada, temos um misto praticamente completo do que Cevisa traz em suas composições; uma viagem pelo nordeste, a sedução da dança nordestina, e ainda como plano de fundo características da religiosidade, tudo isso numa levada calma, e ainda sim viajante.
Em resumo, ouvir Cevisa & Promessa de Cera é ouvir uma viagem ao que o nordeste tem para oferecer, além disso é uma ótima maneira de conhecer a cultura nordestina, ou relembrar coisas da terra natal.
Enfim, apresento-vos o link para download, autorizado pelo próprio Cevisa, faça bom uso, e não se esqueça de comprar o cd ou ir ao show se tiver oportunidade, garanto que não irá se arrepender!
Link: http://www.mediafire.com/download/xrm8npeqnteql2q/Promessa+de+c%C3%AAra.rar



quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Zine novo na área: permita-se

Oi galera! 
Estamos com uma ótima notícia, viemos aqui falar sobre o lançamento de um zine novo, o permita-se (clique nas imagens para ver maior).
É uma coletânea de textos e imagens que partem da temática do auto conhecimento e auto cuidado, falando sobre masturbação feminina, auto exame, amor próprio, entre outras coisinhas legais.
Fizemos ele com muito carinho! Se alguém tiver dúvida ou quiser algum (estamos passando ele por R$6 + correio), entra em contato pelo mail anabelle_rockenbouer@riseup.net







domingo, 3 de agosto de 2014

Está no ar Terra Sem Lei Cast #1!


Como prometido, acaba de ficar on line a primeira edição do podcast do blog, nesta edição tem muita música e informação.
Espero que gostem, muita coisa ficou pras próximas edições por causa do tempo, então, assim que possível teremos o podcast#2 com mais coisas!
Caso tenham pedidos, sugestões, críticas, ou qualquer outra coisa, é só postar nos comentários!


Ouça ou baixe clicando aqui: Terra Sem Lei Cast #1.mp3



Terra Sem Lei de volta!

Depois de um bom tempo sem postar pelo blog, com o tempo e várias dificuldades e interesses diferentes fazendo com que essa iniciativa ficasse parada por tanto tempo, uma nova ideia surge: Criar um podcast para o blog. A ideia é juntar num programa de mais ou menos uma hora, com lançamento mensal (talvez com mais de uma edição por mês) material interessante, notícias, entrevistas, músicas e o que mais couber.
Então fiquem atentxs, vai voltar a rolar o blog, mesmo que em forma de audio, o Terra Sem Lei vai sobreviver!

domingo, 15 de junho de 2014

As Mina no Comando - Punch, Anti-Corpos, Sara Donato e As Mina do Coco em São Carlos


Dia 29 de maio tivemos um evento no Palquinho da Federal (UFSCar), com várias bandas de mina, exposição de arte feminista e oficina de zines e stêncil.
As oficinas foram dadas por e para meninas, com a Monique do Comuhna e Eletra. Participei apenas da primeira, na qual fiquei surpresa ao ver zines sobre anarquismo, libertação animal, straigth edge e o pior de tudo: várias edições do Terra Sem Lei estavam lá! Fiquei boquiaberta... Inclusive algumas edições do Reviva, zine do oeste da Bahia.

 
Já os shows... ah, os shows! Sara Donato sem papas na língua, mandando a real da periferia 'made in roça', questionando padrões de beleza, voz firme e com sotaque paulista!

Na sequência tivemos as minas tocando coco, que ainda não é um grupo com nome e tudo certinho, mas foi uma energia muito foda, tava um frio e apareceram várias minas rodando saia, uma roda super linda, com muito respeito, de meninos e meninas batendo palmas com aquele sorrisão no rosto ^^ faltou mais repertório!

 















O show da Anti-Corpos foi aquele pogo foda de sempre (pena que sempre tem uns otários achando que roda é pra bater em quem tá mais perto, e tem que ficar tomando puxão de orelha e chamada no microfone pra não ficar com capacete (???) no meio da roda, sendo sem noção com quem tá perto). O show era nosso, a roda também - então depois de um tempo tudo se normalizou e ficou lindo... com aquela parte empoderadora que é as minas trocando de instrumento, mostrando que todas podemos aprender coisas novas, mesmo que pareça difícil.








O show da Punch foi demais também, pena que muita gente lá não conhecia a banda e estranhou um pouco o som, e não rolou uns pogos matadores como em outros lugares (que bom, ahaha) - o que não quer dizer não que teve uma energia imensa fluindo! Tava esperando super por esse dia, pensei que não ia conseguir pegar o show por ser tudo sempre em Sampa (sem contar que a turnê delxs intercalava Brasil e América Latina direto, no dia seguinte elas iam pro Peru e tal, galera bem ocupada).

 





 

Gratidão às minas que colaram, pogaram, tocaram, trocaram experiência, à galera que organizou, às amigxs queridas e conhecidas, valeu pela noite inesquecível!

domingo, 10 de novembro de 2013

Lançamentos! Renegades Of Punk, Leptospirose, Xi Drinx & As Aberrações e Vomitos estão com material novo!

Bom, faz um tempo que o blog não é reabastecido com novidades então estamos hoje trazendo aqui algumas notícias boas para o underground local, do nordeste e nacional, estamos falando de vários lançamentos!
O primeiro lançamento é da banda The Renegades of Punk, com seu punk tropical bem representado no clipe da música Um Leão Por Dia, além do clipe recomendamos conferir esse trabalho feito efeitos bem legais em fotos tiradas em shows de várias bandas incluindo o Renegades!



Além do Renegades quem está de clipe novo é Leptospirose, a banda está prestes a lançar seu novo disco,  o Tatuagem de Coqueiro, a música que ganhou clipe foi exatamente a que dá título ao disco, confira essa pérola do faça-você-mesmx punk:



Além disso, para quem não sabe, aconteceu a 4ª Noite do Horror em Barreiras, evento que foi um sucesso e entrou pro rol dos melhores que já aconteceram na região do oeste da Bahia, deste show ainda vai sair uma coletânea com as bandas autorais que tocaram, mas já de antemão duas bandas lançaram seu áudio completo para download grátis na internet, são elas Xi Drinx & As Aberrações e a Vomitos.
Não esquecendo que esse fim de ano ainda tem muitos eventos para rolar na região, como o Black Vomit Festival que acontece no próximo fim de semana em Brumado-BA além de outros que já publicamos anteriormente.
Quem quiser ver a imagem maior é só clicar. 
Aproveite e espalhe, valorize a cena underground!
Download
download



sábado, 12 de outubro de 2013

Adentrando nas Grutas do Passado de Bom Jesus da Lapa! [Parte 02 Final]

Nesta parte final da entrevista, falaremos com Ozzyries, agitador cultural na cidade de Bom Jesus da Lapa e membrx da banda Ratoeira, confira aqui junto conosco suas lembranças sobre a cena de Bom Jesus da Lapa e região da década passada e sobre hoje em dia.

1. Como era a cena na década passada?
Quais eram as bandas? Eram autorais? Havia muita gente?

Não era muito diferente do que é hoje. Faltavam espaços pra tocar, existiam poucas bandas na cidade, mas diferente de hoje, sobrava vontade de fazer rock, tanto das bandas quanto do publico.
As poucas bandas locais tinham um publico fiel que não perdia nenhuma oportunidade de vê-los ao vivo. As festas de rock eram constantes. E ainda tinha o Rock Rio São Francisco, o Tubaína Rock, o Metal Obscuro.
As bandas que tinham na cidade eram a Extremokaos, Ratoeira, Milha Verde, Dislate, Arkhadia, e Evil Cave, que foi provavelmente a maior banda que existiu na cidade na década passada. Dessas, só a Extremokaos, Milha Verde e Evil Cave tinham trabalhos autorais.


2. Quais os problemas que a cena de Lapa enfrentava naquela época?

Os principais problemas eram a falta de estrutura das bandas, e ausência de espaços para tocar.

3. Algumas vezes trocando ideia com amigxs falo que a cena de Lapa era como o Titanic em dimensões culturais do rock da região, e que inacreditavelmente afundou, o que acha dessa afirmação?

É uma afirmação curiosa. A cena da Lapa tinha realmente um Titanic, que era o Rock Rio São Francisco. Ele foi fundamental para o surgimento e crescimento da cena na cidade. As bandas queriam tocar nele, e quem não tinha banda queria ter banda pra tocar no festival. Um evento grande pro porte da cidade, que trazia bandas de toda a Bahia, com 3 dias de duração, que aconteceu por três anos seguidos e que afundou. E junto com ele a cena local.

4. O que sobreviveu ao tempo se tratando do rock da cidade?

Das bandas, só a Ratoeira.

5. Como é a cena do rock em Lapa hoje em dia?

Hoje existem ainda menos bandas, mas existem mais oportunidades pra tocar.

6. Ainda tem bandas na ativa?

Sim. Tem a “Beiço de Jegue”, a Ratoeira, que já citei antes, e está comemorando 15 anos de existência esse ano e Thunga Marques, que tem um trabalho solo, autoral e que também produz eventos na cidade.

7. Fazendo uma comparação com antes e hoje, qual é a diferença?

Antes tinham mais bandas, hoje tem mais espaço.

8. O que seria o maior mérito da cena de hoje em dia na cidade?

Tem espaço pra tocar, mas não tem banda na cidade. Então a gente chama a galera de fora, vai atrás, se vira pra bancar passagem, hospedagem, alimentação.
O maior mérito talvez seja o esforço pra não deixar se apagar essa chama roqueira na cidade.

9. Quais são/eram os principais eventos da cidade? Hoje em dia tem algum evento/local que ainda dá espaço para o rock na cidade?

Os principais eram o Rock Rio São Francisco, o Tubaína Rock e o Metal Obscuro. Desses o que mais sinto falta é o Metal Obscuro, com certeza. O Metal Obscuro era um bloco alternativo, que reunia boa parte da galera que movimentou a cidade na década passada.
Hoje existem sim eventos que dão espaço pro rock na cidade. Os principais são “A Noite do Pop Rock” que acontece geralmente em abril, o “Independência Rock” que sempre rola no 7 de setembro, e o Musica na Casa que acontece na Casa da Música mensalmente.


10. Espaço final aberto para sua fala

Muito bom relembrar a década passada, deu até um gás pra continuar a realizar eventos na cidade.

Muito obrigado ao Ozzyries pelas respostas e por você pela leitura espero que tenha gostado, até a próxima!


Adentrando nas Grutas do Passado de Bom Jesus da Lapa!

Banda Evil Cave no Rock in Rio São Francisco
  Olá pessoal, hoje estamos trazendo uma matéria exclusiva com um conteúdo bem interessante e atrativo para várias gerações do rock da região, para xs mais antigxs, esta entrevista vai trazer a memória vários momentos bons do passado, axs novxs na cena, um conhecimento sobre como era a cena rock and roll de Bom Jesus da Lapa na década passada, a entrevista foi feita em duas partes; no primeiro momento vamos saber como era  a cena pela ótica da banda Evil Cave, um dos grandes nomes do metal regional da década passada, banda que obteve grandes êxitos como tocar no Rock in Rio São Francisco e conseguir gravar em estúdio uma demo naquela época, a segunda parte é feita com Ozzyries, um membrx da cena contemporâneo do pessoal da Evil Cave, membrx também da banda Ratoeira e hoje em dia agitador cultural na cidade.
  Antes de postarmos a entrevista queremos de novo agradecer ao pessoal que colaborou com as respostas e material enviado, muito obrigado! E a você que está lendo esperamos que curta e valorizem cada vez mais a cena da sua cidade!

Fabrício
1. De onde surgiu a ideia de montar a Evil Cave?
Max: A ideia surgiu na época em que havia um evento chamado Metal Obscuro, o qual somos fundadores, e queríamos fazer algo diferente naquele ano. Decidimos então formar a banda com intuito de fazer cover de algumas bandas de Heavy Metal, entretanto, tocando da nossa maneira.
2. E o nome da banda, qual é o seu significado?
Max: Caverna Maldita, o nome se deu em razão da Gruta de Bom Jesus da Lapa que alguns julgam ser santa... A ideia era mostrar um outro aspecto, aquele que não é visto em virtude da fé que cega a maioria das pessoas.
Ao vivo em Santa Maria da Vitória
3. Como era a cena de Bom Jesus da Lapa naquela época?
Fabrício: A cena estava em ascensão, tinha sempre alguém novo começando a curtir o rock/metal. Creio que tenha sido a época de ouro do movimento rock em Bom Jesus da Lapa, por isso que o Evil Cave deixou de ser apenas um projeto pra se tornar uma banda de verdade.
4. Como era a receptividade do público dentro da cidade e pela região?
Ao vivo no clássico Metal Obscuro
Fabrício: Onde nós tocamos sempre fomos bem recebidos, além do fato de tocarmos grandes clássicos do metal, havia uma carência de bandas daquele estilo na época. Acho que esses foram os pontos cruciais para a boa aceitação que tivemos.
5. Quais foram as maiores experiências que a banda lhe proporcionou, quais os maiores êxitos da banda, e quais as maiores dificuldades que a banda encontrou?
Max: A banda foi praticamente meu primeiro trabalho, muito embora não era remunerado, era algo que eu gostava de fazer e que me fez aprender a aceitar opiniões diferentes da minha. Algo que é muito difícil. A maiores conquistas da banda foram as gravações e a aceitação do público que sempre elogiava o nosso trabalho e comparecia em nossas apresentações. A maior dificuldade foi a distância, nem todos os integrantes moravam na mesma cidade e isso inviabilizou o projeto.
Rock in Rio São Francisco
6. Como foi o processo de gravação do material da banda? Ficou algo sem gravar?

Fabrício: Foi um sonho realizado! Você poder eternizar algo que você se dedica tanto, é sempre muito gratificante. Trabalhamos duro e conseguimos. Conseguimos conquistar fãs também através do nosso trabalho em estúdio e isso é muito bom. Temos outra música que, infelizmente, não gravamos. Ela seria a mais rápida do Evil Cave, mas quem sabe um dia a gente grave ela.
7. Existe alguma possibilidade de reunião da E.C.?
Max: Não sei, cada um seguiu seu caminho, e hoje em dia é difícil nos reencontrarmos, mas acredito que essa seja a vontade de todos.
Fabrício: Sempre irá existir, pois todos nós somos amigos e a qualquer momento pode rolar um tempo sobrando de cada um, pra gente se reunir novamente!
8. Por que a banda se desfez?
Fabrício: DISTÂNCIA e TEMPO! Cada um seguiu para um lado. Eu fui pra Vitória da Conquista, os guitarristas foram pra Salvador e o restante permaneceu em Bom Jesus da Lapa. A questão do tempo, por cada um ter uma ocupação que requere dedicação e tempo. Dificilmente temos um tempinho em que possamos estar juntos.
9. O que você diz da cena de Bom Jesus da Lapa hoje?
Fabrício: Estou meio por fora. Sei que há algumas bandas fazendo um som por lá, mas creio que no ramo do rock. Metal está meio em baixa, mas espero que a galera mais jovem volte a curtir e viver o rock’n’roll como vivemos naquela época!
10. Finalizando deixe suas palavras sobre alguma coisa que a entrevista não contemplou, agradecimentos, etc.
Fabrício: Inicialmente queria agradecer ao blog pela a entrevista e possibilitar que a galera conheça um pouco da história do Evil Cave. É sempre bom ser lembrado, mesmo estando a tanto tempo fora da ativa. Quem sabe um dia possamos nos reunir novamente e fazer aquele “Brutal Heavy Metal” !! Segundo quero desejar sucesso à todas as bandas que ainda estão batalhando pra manter nossa cena forte! Grande abraço...
A E.C. foi formada por:
Fabrício -  Vocal
Max - Guitarra
Léo - Guitarra
Álex Vítor - Baixo
Libório - Teclado
Cleilson -  Bateria

E durante seu percurso ainda fizeram parte da história da banda:
Luciano - Guitarra
Vítor - Bateria

E você, ficou curiosx para ouvir esta banda? Nós do Terra Sem Lei conseguimos recuperar as mp3 da banda diretamente das antigas comunidades de rock da região no falecido orkut!