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domingo, 29 de janeiro de 2012

Usurpação Cultural Parte III - Sessão de descarrego (20 mil léguas mentalmarinas)

Aquela edição do Não Devemos Nada a Você repousava no sofá, o céu ameaçava chuva e a cadela ditada no chão nem ligava, continuava dormindo, na minha cabeça eu pensava em incendiar alguma coisa, daí lembrei que tinha de continuar escrevendo, aqui vamos nós de novo, eu e você computador.
Quando parei pra escrever isso as vezes fica como um ataque, sim é um ataque, mas o objetivo não é a ofensa é o questionamento, sei que não é o jeito mais eficaz de fazer as coisas, mas é assim que escrevo. Quanto mais vivemos, vemos as pessoas fuderem com tudo que acreditamos, quanto mais tempo se passa vemos que esse lance de herói é só mais uma propaganda que fizeram pra te enganar, te comprar enfim, mais uma mentira, e você acorda e pôe a mão na massa porque podem te tirar tudo mas não sua dignidade.
Do nada aparece gente nova, assim como do nada os velhos somem, você ainda continua caminhando e dizendo foda-se, não vou parar, seja lá qual for seu estilo, de Ian Mackaye a GG Allin o barco é muito grande apesar que dizem que há um furo grande no casco, pura mentira, sabe qual é o pior perigo dessa viagem? É o Kraken, seus enormes tentáculos envolventes nos levam do nada para um abismo sem cor e nunca se tem notícias sobre as pessoas que eram antes de serem levadas, parece que ele quer uma cidade só sua, mas ninguém nunca volta pra contar história, as vezes, mergulhando, a gente vê uns vultos que nos perseguem, familiares, imagens, mas nada além disso, no fundo, são todos cadáveres, o lance é subir de volta, por que a viagem é longa, a guarda real tá na cola e a última coisa que eles querem ver é a gente pondo a mão na sua coroa. Agora, pararei de escrever, pois hoje tenho que limpar o convés.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Todo apoio aos ladrões de banco

Mais uma vítima do capitalismo é morta, a classe média comemora, um negro a menos, um ladrão a menos, mas eu não tenho nada o que comemorar.
Não conheço a fundo as circunstâncias, não acredito no que os jornais dizem e com certeza muito menos nos boatos espalhados por aí, mas conheço muito bem como funciona esse sistema, com suas taxas, seus impostos e sua segregação há muito profetizadas por Marx.
Um funcionário do Correio (agora os correios são bancos postais também) que foi assaltado tomou um tiro, não morreu e já passa bem,  mas quem sabe ele não estava só tentando defender sua empresa, sua instituição, o dinheiro da união não pode escorrer pras mãos escuras e marginais, claro, eu realmente não sei o que aconteceu, volto a dizer, mas uma coisa é certa, esse homem, assim como todos que ofendem o status quo teve seu fim, como muitos negros nesse país tem. E antes que você venha com seu discurso reacionário que roubar não é saída, é porque você tem grana, teve paizinho e mãezinha, e muito provavelmente nem negro é pra saber o que sempre ser a sarjeta da sociedade.
Viva Bonnie e Clyde, viva Gildeon, que é só mais um nome pra essa legião que nunca vai deixar de tentar pegar de volta o que esse sistema escroto nos rouba todos os dias.
Aqui deixo minha nota de solidariedade à tod@s que saqueiam e pilham de volta, os piratas do século 21.

Notícia na mídia: http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-3/artigo/assaltante-morto-roubou-mesma-agencia-ha-20-dias-em-santa-maria-da-vitoria/

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Usurpação Cultural (Parte I)

Dedico esse post ao meu amigo Gustavo "O Bode".

Não sei bem por onde começar a falar a respeito, tenho muita coisa para dizer, acho que farei uma série de posts para não ficar tão longo. A começar queria falar a respeito da visão de cultura rock que hoje temos; Acreditamos muito no que foi dito sobre estrelas da guitarra e tudo mais, mas com o tempo e uma boa leitura a respeito vi que não era bem assim, quando o rock surgiu não haviam gravadoras multinacionais que monopolizavam e diziam como devia ser a música, quem a toca e quem a ouve, havia liberdade artística.
As raízes das vertentes do rock vem de algo inovador, com conceitualização transgressora, o que com o tempo se tornou o contrário incrivelmente, apesar de não ser um erudito da cultura, mas podemos usar o metal  para começo de conversa (não que seja o único estilo que sofra com isso, é claro), consenso é que o Black Sabbath e o Led Zeppelin são consideradas umas das primeiras do estilo, sua abordagem experimentalista musical é muito extensa, além disso muito subversiva pra época, mas com a padronização e (ou) industrialização do metal o que temos hoje é um estilo repetitivo que de tão tradicional acaba tendo suas músicas como os cantos católicos (que na maioria das vezes é odiado pelo pessoal) músicas totalmente padronizadas e previsíveis, muito ao contrário da origem, como eu disse, não sou um erudito, sei que há muita coisa nessa história, afinal são décadas de música, e essa é a observação que eu tive durante o tempo que convivi, pesquisei e li a respeito, claro que existem suas exceções, mas estou falando do contexto mais geral.
Nessa segmentação temos uma propagação de valores eurocêntricos disseminada de forma que o que é característica local se torna um defeito por não soar europeu o suficiente, com isso a gente encontra bandas do nordeste falando sobre a história dos Vickings mas sem saber a história do nome da própria cidade em que vive. Essa absorção da valorização do exterior não é algo precisamente de uma cultura, é um valor que a própria globalização nos deu, e nós aceitamos e reproduzimos valores capitalistas sem mesmo saber. 
Saindo do metal e indo pra literatura brasileira nós temos uma esquizofrenia quando se trata de literatura nacional, os nossos grandes autores, que muitas vezes escrevem algo que já acontece lá fora, criando uma correspondência local do movimento, como o romantismo, naturalismo etc...
Mas por exemplo, nós não vemos as críticas ou nem sequer aprendemos na escola que temos escritores de ficção científica, suspense, terror e até fantasia (mas não padronize fantasia com o conceito europeu de masmorras e dragões). Simplesmente porque há uma tradição cultural voltada ao que acontecia em Portugal, não ao que acontecia em contextos gerais, e nisso a nossa própria literatura que sai do padrão medieval português não tem tanto espaço, e quando é falada é simplesmente chamado de pós-moderno, sendo que de 1453 (data tida como fim da idade média para muitos) até 1950 (começo do pós-modernismo) rolou muita coisa que não é tão "consagrada". Finalizando essa postagem, eu queria sugerir à alguma mente inconformada o questionamento, pense bem em como você se expressa, é realmente novo? Ou você é só mais um a repetir tudo que já foi dito por aí?

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Terra Sem Lei

Quanto mais o tempo passa, mais é complicado escrever, parece que tudo já foi dito e é sempre mais do mesmo, uma voz vem na sua cabeça dizendo lute, lute, não pare, mas nesse movimento do mundo, que é sempre tão rápido e tudo dura tão pouco que cada passo dado é como uma força incrível que rompe teias que se formam com o mínimo de tempo que se tira pra descansar. É difícil sobreviver, as vezes é só você conseguir se manter em pé por tantos anos que no fim, se você não se mexe, vira apenas uma estátua de si mesmo, um monumento dedicado à memória do que você foi um dia.
Enquanto o sangue pulsa, as teias se fazem, os pés caminham, o tempo molda e a cabeça viaja, cada lugar visitado te faz perguntar, aonde raios eu vim parar? E se convence que enquanto todos não andarem e tirarem suas teias, você estará numa terra sem lei.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Ainda Respira

Faz um pouco de tempo, mas volto trazendo notícias sobre o nosso velho oeste.
A primeira é sobre o informativo Nova Ordem produzido em Guanambi-BA mostrando que a cultura da região ainda pulsa por coisa nova, e que não vai se calar fácil a essa maré de apatia que cada dia fica maior na nossa região.
Para baixar é só acessar: http://www.mediafire.com/?xlxxg9q0i1c98k7
No embalo de grito de sobrevivência veja aqui a entrevista que o Portal Correntina fez com Louro, um senho que mantém um espaço com acervo histórico sobre a cidade de Correntina, veja um pouco de sua história, e suas palavras sobre a situação que a cultura local se encontra, (no fim do post se encontra o video).
Por último, mas não menos importante é sobre a banda Radicaos que já foi citada algumas vezes aqui no blog, a banda está finalizando o seu primeiro EP, além de ser histórico pra banda esse EP é um dos raros que alguma banda do oeste da Bahia já conseguiu gravar. Logo mais estará nas ruas esse registro que já tem nome decidido e seu set list pronto.
Enquanto o EP não sai confira aqui fotos da sessão da gravação: http://www.facebook.com/media/set/?set=a.221210454634681.55218.177940888961638&type=1

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Desenterrando o rock de Correntina!

Banda Majestade
Para muitas pessoas que são de fora que verem esses videos que estou postando hoje isso não passa de uns moleques tocando mal, num vídeo de qualidade ruim, pode até ser, mas peraí, não é esse o espírito do verdadeiro rock and roll? Então vamos lá!
O que trago aqui são dois shows históricos completos, da Poluição Sonora e da Majestade, duas bandas do início da cena de rock de Correntina-BA, esse registro em vídeo foi feito no show 1º Rock In Fest,  além de ver muita gente que hoje em dia tá barbada com a cara lisinha é um bom jeito de ver como as coisas funcionavam no tempo em que numa cidadezinha de 35 mil habitantes já chegou a ter quase 10 bandas. As bandas que tocam como disse são a Poluição Sonora, que tem sempre alguma notícia por aqui e a Majestade que é uma banda que tinha um som voltado pro pop rock nacional mas passava também por clássicos internacionais, tocavam Legião, Engenheiros, Queen, Guns e músicas autorais. 
Poluição Sonora
Não sei bem o que dizer, além de que esse show marcou a história de quem viveu o rock na cidade de Correntina e que esse é o lendário show que a Poluição Sonora tocou só de cueca.
Confiram os shows que foram realizados no dia 24 de março de 2007




















Os vídeos:


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

No chão

Nem tem mais chuva, até ela já cansou. Só um inseto voando sem rumo e se chocando contra o sofá, as paredes, o chão. Quando eu penso que tudo já acabou, que estava enganada, que sim, ah sim, as coisas iriam dar certo de novo, mal se passam alguns segundos e a torre desaba de novo, e as coisas voltam ao seu arranjo original de cartas equilibradas esperando a próxima brisa passar e levar tudo embora, como se as coisas fossem imutáveis e sempre se adaptassem, como se no crescimento as formas fossem pré-definidas, mas espera aí, a gente não tem nada em mente quando começa a crescer, só que quer ser bailarina-veterinária-desenhista e que tudo vai acabar bem no final, o que a gente tem e lembra é só do início, aquele, em que nada mais sobrou dele, só as coisas ruins, os defeitos, a falta de tempo, de paciência, de vontade, de tudo. Quando as concessões ficam grandes demais e o que resta é só a comodidade. Quando estar longe é melhor que estar perto. Quando o maior tesouro não é a flor, e sim as folhas, porque os frutos, ah, esse nunca chegarei a ter.