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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Resenha do Escola de Rock (Correntina-BA)

Road Warriors
Rockno velho oeste sempre foi como uma miragem. Oásis num deserto em quequalquer coisa que não contenha algum rebolado sofre para florescer.Dificuldades técnicas enfrentadas pelas bandas, número reduzido deintegrantes da cena, público menor ainda, má vontade de muita gentepara patrocinar eventos, tudo isso acompanhado de uma descrença cheiade menosprezo pelos garotos e garotas que compõem o “movimento” local.E uso o termo movimento não sem razão. Porque o rock no velho oestenunca foi estático, esteve sempre perpassado por fazes, idas e vindas,altos e baixos que, algumas vezes, quase o enterraram.

Masvaso ruim não quebra fácil, como alguns diriam,
e os shows ocorridos emCorrentina, no último dia 23, provam isso. Devo ressaltar que apreparação desses shows foi, por si só, um evento. Problemas quanto aolugar, falta de patrocínio para ajudar as bandas a virem (o únicopatrocinador do evento foi nosso amigo Patric), alvarás solicitados enão utilizados, enfim, uma corrida contra o tempo, já que aquele era ofim de semana mais propício pra rolar.

Road Warriors
Depoisde muito correr e suar sob o impiedoso sol baiano, aquela noite, naEscola Anísia Silva Moreira, tudo aconteceu. Três bandas fizeram umshow que, mesmo sem rebolado, balançaram o corpo de muita gente. Quemabriu a noite foi a Road Warriors, de Santa Maria da Vitória, cidadevizinha onde o metal é praticamente o estilo predominante. E esse era oestilo dos Warriors. Tocando clássicos do heavy metal, a banda fez umshow impecável, com direito a “bônus tracks” no final de tudo, emúsicas lendárias: Flash Rockin’ Man e Restless & Wild (Accept),Electric Eye e Breaking the Law (Judas Priest), Crazy Train (OzzyOsbourne) e Run to the Hills (Iron Maiden), foram os pontos altos dabanda, bem como sua música autoral, Heavy Metal.

Radicaos
Asegunda da noite foi a Radicaos. Banda nativa, tocou umalterna-punk-hardcore autoral com direito a covers de Bob Marley e DeadKennedys, além de velhas conhecidas, como “Não Quero ver” e “.Sua Consciência”. Opúblico presente ainda foi brindado com uma novíssima canção, Balada doMisantropo, música cheia de sensibilidade e de uma tristeza bemintimista à qual é impossível estar alheio. A terceira e última bandada noite foi a Projétil Paralelo, e essa teve um ar especial: o toquefeminino. Com a vocalista Suzana, a Projétil declamou suasmúsicas-poesias ao som de guitarras recheadas de experimentalismo epsicodelia. O penúltimo jam tocado foi uma parceria perfeita entre aguitarra de Volmer, o baixo de She Drink’s e a bateria de Marcinho,vale dizer.

Radicaos
Equando pensamos que tudo estava acabado, um dos membros do grupo demotoqueiros Abutres, que estavam na estrada rumo a um congresso emRecife e de passagem por Correntina, tocou com a Road Warriors outrostrês clássicos do metal: uma versão de Breaking the Law (Judas Priest),Ace of Spades (Motörhead) e Paranoid (Black Sabbath). Então foi hora detirar as últimas fotos, apagar as luzes, fechar as portas e ir pracasa. Não sem a certeza de que o dever fora cumprido.

Projétil Paralelo


Euquero aqui, no fim, apenas agradecer todos aqueles que contribuírampara que tudo acontecesse: Suzana, que me acompanhou pra cima e prabaixo pelas ruas acertando cada detalhe; a Marcinho, que tocou com ocoração e ajudou no transporte da bateria e do que mais precisasse;Patric, pela contribuição que nos permitiu cobrir algumas despesas; SheDrinks e Volmer, que vieram de longe para tocar e nunca desistiram detentar; a She Drink’s, de onde a idéia do evento partiu; aos caras deSAMAVI, que sempre estiveram prontos pra fazer seu genuíno metal daterra; a minha irmã e Dino, que me transportavam pra lá e pra cá nabusca por material, a Heverton que ajudou no transporte da bateria,enfim. O mal de citar nomes é que você sempre pode esquecer alguém eacabar pegando mal, mas aqui eu quero agradecer A TODOS pelo apoio, semvocês não seria possível. Agradecer até aos poucos que apareciam, comseus olhares curiosos, e ficavam pelo tempo que lhes agradasse.

Projétil Paralelo
Aimportância desse show, porém, só quem é da cena pode entender. Apesardo pouco público, coisa à qual nós, da galera correntinense, estamosacostumados, o que fica é o valor simbólico que um evento como esse tempara a cena local. Como uma miragem, um oásis no velho oeste. O farolapontando que ainda existe resistência, mesmo que apenas musical àsvezes, ecoando pelas ruas e fazendo-se ver pelas pessoas. Isso é o queimporta. E isso é rock.

Por Alana Soares

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