segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Matadouro 5
(Víctor "Mark" Lemes)
Eu sei que quando a hora chegar, e naquele trem eu ter de escolher entre descer ou embarcar, eis que minha opção será ficar. Mesmo que não tenha mais ninguém com quem compartilhar, ninguém para confiar as verdades que tanto busquei. Porque não há de ter mais ninguém.
E quando eu olho para os lados, todos são cegos sem óculos, com algodão no ouvidos, fingindo não escutar os berros dos cordeiros, dos gatos, dos pássaros, dos macacos, das joaninhas. Fingem viver uma vida que não é a Vida, só mais uma outra fase de seus pequenos jogos de realidade virtual.
Se vestem como assassinos, não usam facas nem armas de fogo, como pequenos e bem treinados ninjas, utilizam o que ninguém consegue fugir, sua arma mais letal: seu dinheiro. Não são eles aqueles que vão lá com os martelos e os porretes, esmagar a cabeça e os nervos daqueles lindos animais, que ao humano respeitam tanto, mesmo que não devessem. Não, não são vocês os assassinos que têm sangue frio a tal ponto de vê-los sofrerem, o sangue a jorrar em baldes de plástico, como pequenos bonecos que a dor neles não existisse. Não, você é um bom cidadão, você trabalha, você paga suas contas, você alimenta sua família, e você reclama que a vida não é a boa. Deus te abençoe por ter lhe dado duas pernas ao invés de quatro. Deus te abençoe por ter-lhe dado voz e consciência, pra dizer o que se passa na sua cabeça.
São tantos os ignorantes, se limitam a não querer a informação, não querem saber de onde sua comida vem, como é feito seu agasalho, como se faz o corante nas bolachas, como suas veias entopem. Hipócritas, são todos hipócritas. Não querem a informação, mas ainda afirmam que a informação é essencial nos dias de hoje? Me poupem.
A vocês, só mais um detalhe: nenhum hipócrita será vítima. Até quando vão fingir que não sabem o que fazem?
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