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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Usurpação Cultural (Parte I)

Dedico esse post ao meu amigo Gustavo "O Bode".

Não sei bem por onde começar a falar a respeito, tenho muita coisa para dizer, acho que farei uma série de posts para não ficar tão longo. A começar queria falar a respeito da visão de cultura rock que hoje temos; Acreditamos muito no que foi dito sobre estrelas da guitarra e tudo mais, mas com o tempo e uma boa leitura a respeito vi que não era bem assim, quando o rock surgiu não haviam gravadoras multinacionais que monopolizavam e diziam como devia ser a música, quem a toca e quem a ouve, havia liberdade artística.
As raízes das vertentes do rock vem de algo inovador, com conceitualização transgressora, o que com o tempo se tornou o contrário incrivelmente, apesar de não ser um erudito da cultura, mas podemos usar o metal  para começo de conversa (não que seja o único estilo que sofra com isso, é claro), consenso é que o Black Sabbath e o Led Zeppelin são consideradas umas das primeiras do estilo, sua abordagem experimentalista musical é muito extensa, além disso muito subversiva pra época, mas com a padronização e (ou) industrialização do metal o que temos hoje é um estilo repetitivo que de tão tradicional acaba tendo suas músicas como os cantos católicos (que na maioria das vezes é odiado pelo pessoal) músicas totalmente padronizadas e previsíveis, muito ao contrário da origem, como eu disse, não sou um erudito, sei que há muita coisa nessa história, afinal são décadas de música, e essa é a observação que eu tive durante o tempo que convivi, pesquisei e li a respeito, claro que existem suas exceções, mas estou falando do contexto mais geral.
Nessa segmentação temos uma propagação de valores eurocêntricos disseminada de forma que o que é característica local se torna um defeito por não soar europeu o suficiente, com isso a gente encontra bandas do nordeste falando sobre a história dos Vickings mas sem saber a história do nome da própria cidade em que vive. Essa absorção da valorização do exterior não é algo precisamente de uma cultura, é um valor que a própria globalização nos deu, e nós aceitamos e reproduzimos valores capitalistas sem mesmo saber. 
Saindo do metal e indo pra literatura brasileira nós temos uma esquizofrenia quando se trata de literatura nacional, os nossos grandes autores, que muitas vezes escrevem algo que já acontece lá fora, criando uma correspondência local do movimento, como o romantismo, naturalismo etc...
Mas por exemplo, nós não vemos as críticas ou nem sequer aprendemos na escola que temos escritores de ficção científica, suspense, terror e até fantasia (mas não padronize fantasia com o conceito europeu de masmorras e dragões). Simplesmente porque há uma tradição cultural voltada ao que acontecia em Portugal, não ao que acontecia em contextos gerais, e nisso a nossa própria literatura que sai do padrão medieval português não tem tanto espaço, e quando é falada é simplesmente chamado de pós-moderno, sendo que de 1453 (data tida como fim da idade média para muitos) até 1950 (começo do pós-modernismo) rolou muita coisa que não é tão "consagrada". Finalizando essa postagem, eu queria sugerir à alguma mente inconformada o questionamento, pense bem em como você se expressa, é realmente novo? Ou você é só mais um a repetir tudo que já foi dito por aí?

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