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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Resenha Vulva la Vida 2012 e outras cositas más


Depois de meses deixando de almoçar, pegando carona, indo a pé pra não pagar busão, finalmente juntei grana e consegui pegar a segunda edição do Festival lindo Feminista Riot Punx Queer Vulva la Vida! Na primeira edição rolou uns desencontros de uma carona e eu não pude ir, mas dessa vez não ia deixar passar! Ainda quase sem grana, porém com tempo e força de sobra, fui novamente pra Soterópolis, aprender, trocar ideias, curtir, rever amigxs muito queridxs...

Programação
Expo de zines
Conversa de introdução ao feminismo
Na terça-feira começou com a introdução aos estudos feministas, com Íris e Carla Oliveira contando um pouquinho da história do feminismo e do riot, uma ótima oportunidade pra gente ver e rever mais a fundo os contextos, assim como estratégias e falhas de cada “onda”.


Rap e poesia
A oficina de Carla Cristina sobre rap e poesia e a (re)significação das mulheres negras foi uma ponte cultural para o rap, pelo menos pra mim, algo um pouco distante da minha realidade, e a análise de certos discursos e letras foi bem enriquecedora.


Carla Duarte e Mabel estavam expondo alguns zines num “cordel” lindo, uns zines antigos, raros... depois fui pentelhar a Carla para poder lê-los e copiá-los... adoro zines! Não fiquei pro acolhimento... fui ser acolhida em casa =P
 
materiais da banquinha do Vulva
A conversa anti-opressão, pra mim, foi um dos pontos mais inesperados. Já havia ouvido falar sobre opressão desse modo, que não o do senso comum, mas não sabia exatamente o que era. Será que era frescura? Procurando pêlo em ovo? Nãããão! Pedi licença a pessoa que ministrou a oficina (que esqueci o nome e não tem no site, sorry) pra reproduzir aqui o zine que foi distribuído (momento upo depois) com várias ocasiões em que a opressão pode ocorrer e o que fazer...


Na oficina “o cabelo é feminista”! Camila Puni (lembram da poesia linda que a Projétil declama sem pagar os royalties? É dela, essa linda) e Sista Kátia, ensinando a fazer turbantes e a cortar seu próprio cabelo, entendê-lo, faça você mesma!
turbantes e tesouras...


Fiquei em dúvida pois paralelamente à programação “oficial” uma outra ia surgindo, fechando os horários abertos mas também se sobrepondo, como uma oficina de linhas e agulhas com a Bianca, que queria bastante ver, espero poder pegar algum outro dia em Sampa!
marmita luxo da Rango Vegan =P


Não participei muito ativamente da oficina de funk... mas saiu até um funk das meninas da oficina, acredita? Você pode conferir aqui.


Na anti-arte cheguei atrasada, mas os slides da Lina estavam muito bem feitos, com várias mulheres que fazem arte, pra mim bem desconhecidas, com obras lindas, outras chocantes, outras questionadoras... Ainda saiu uma intervenção urbana num outdoor, lindão =P


Programação
A oficina de escrita feminista de Tati e outras gurias foi a mais linda pra mim, sempre gostei de escrever, foi mais um estímulo, a dinâmica foi bem criativa, até um zine vai sair, das histórias malucas, trágicas e filosóficas que criamos a duas mãos... Ganhamos um caderninho lindo... o meu já contém várias histórias e memórias. 
zines, zines!
Na construções e vivência de seus efeitos, alguns desentendimentos, que me deixaram até meio triste... coisas assim sempre acontecem, gente diferente, ideias diferentes, outra noção de respeito e limites... a próxima oficina, a verdade crua do corpo nu, foi remarcada para outro dia, mas ao conhecer a dinâmica, não me interessei tanto, achei que era diferente. A última oficina do dia era fechada, então não participei. Mas confesso que isso tudo me deixou desanimada e não fui no Visca para o aquecimento, em que acabou rolando outra situação de tensão (nota oficial aqui). Nem sábado fui, apenas no show de noite.


O show foi foda, cheguei atrasada (ainda pego Munegrale alguma vez na vida!), mas consegui ver as meninas da Sapamá, punk rock do sul, com direito a cover pra animar a galera... Bertha Lutz eu curti um bocado, as meninas agitaram legal, banda de MG, que tem um coletivo por lá, o Nada Frágil, com um zine de mesmo nome, que tive a oportunidade de ler (brigadão Bah, ainda lhe mando o meu), gostei muito! (tem um texto sobre a Slut Walk que quando peguei pra ler pensei: ah não, mais do mesmo? Mas teve uma reflexão muito bem feita.) Estamira não preciso falar nada, não sei se é metal core o estilo em que elas se enquadram, só sei que foi foda demais, adorei a presença de palco delas, quebrando a obviedade da noite, que teve estilos musicais bem variados.
vista da nova sede da Rango Vegan


No domingo, por causa do show de Cruz das Almas, não pude ficar até o final, apenas participando da almoça (o quê da Rango Vegan que não fica maravilhoso? *-*) e do começo da oficina de cupcake vegan que a Martha ministrou (e que deve ter ficado deliciosas).
banda GERK (Argentina)
apresentação da Agnósia


Sobre o show de Cruz... cena diferente... chão batido, quintalzão, galera naquela força de vontade e garra de cena do interior (mas que é bem maior que as do interiorzão, como as daqui)... simplesmente demais! Só conhecia duas bandas, Egrégora (lindxs) e Estamira (e alguém me diz da onde saiu aquele monte de tiozão cabeludo de preto bem na hora do show das meninas? ashaushu muito do nada, pena que o circle pit estava levemente perigoso). Gerk, Mácula, Exclusos (já falamos deles aqui), Rancor, todas bandas eu não conhecia, cada uma com suas particularidades, Exclusos foi massa, animaram a galera toda, última banda a tocar e conseguiu reunir uma galerona na frente do palco, curtindo, cover do Bosta Rala... Gerk, da Argentina, em que os caras tocaram mascarados, em homenagem aos indígenas, foda... as outras não lembro muito bem... só de uma menina no baixo de uma banda, a Debie, e dois vocais foda =P
Egrégora

Idéias novas todxs têm, achei bem interessante a abordagem sobre questões de gênero no evento, por exemplo, com as restrições das oficinas (“isenta da participação de homens cis (se você não sabe o que é cis, dê uma olhada aqui)”, “exclusiva para mulheres cis e trans”, “exclusiva para mulheres lésbicas ou bissexuais”), apesar de em certos casos isso não significar segurança (como ocorreu no aquecimento) nem respeito (como na oficina de vivências). Acho que foi um pouco irônico, lembrando que a violência também parte de mulheres, por mais cuidado que se tome.


Também acharia válido um evento em que mais coisas fossem abertas para meninos, que também se interessam por feminismo, e que querem aprender mais sobre, afinal, é um assunto universal. Será que não rola alguma iniciativa masculina ou mista? Iria ser demais... assim como a questão das bandas, eu penso: prefiro uma banda com meninos feministas que uma banda feminina de cabeças vazias... apesar de por um lado ser um tipo de empoderamento, acaba continuando na mesmice, às vezes até, servindo pra vender a imagem estereotipada de garotas bonitas femininas que tocam muito porque gostam de música, e creio que a mensagem do poder feminino fica um pouco deturpado... (claro que esse não foi o caso do show do Vulva, só estou refletindo aqui)


Finalizando, desculpa as fotos em qualidade ruim (ou que eu tirei mal), pela falta de algumas imagens, por ter essquecido de algo, por ter falado algo que ofendeu alguém... são só minhas impressões, apenas isso, saudosismo e opiniões, qualquer coisa, comente!


A única coisa que consigo imaginar, depois de tudo isso, é 2013, com muito amor, amigxs, saberes, sabores, abraços, risos, música, luta, ação... amo! Beijão à todxs!

Um comentário:

  1. Suzana, como é bom relembrar contigo esse festival tão especial!
    O importante é nós mulheres nos apoderarmos o máximo possível da comunicação e respeito, na mesma intensidade.
    Foi ótimo te encontrar pessoalmente!
    bjinhas

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