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sábado, 8 de outubro de 2011

O rock é massa?!

   Bem, há quem diga que o rock morreu no fim dos anos 50, há quem diga que ele nunca vai morrer, a base principal pra poder determinar esse tipo de pensamento é poder determinar o que é ou não rock de fato. Nos tempos de hoje, vivemos sob um sistema assimilador onde todos os valores mais cedo ou mais tarde se deturpam e se transformam em cultura para as massas, não importa que valor isso tenha, seja algo subversivo, seja a cultura de um povo tradicional, tudo um dia vai ser engolido e transformado pelo capitalismo em cultura de massa. Hoje temos aí o triste estado que o sertanejo tomou, o que antes era música de povos do sertão, gente de baixa renda e muita fé, se tornou cada vez mais norte-americano que virou música country e ainda sim chamado de sertanejo, hoje em dia temos a música pop americana, que nem tem mais nada de “rural” engolindo a cultura popular, intitulando esse processo de sertanejo universitário.
   Acabamos de sair do rock in rio que deu muito o que falar por aí, muitos roqueiros reclamando do line up do evento, que era muito misto, entre outras queixas. O RiR foi patrocinado por grandes empresas, assim como todo grande evento, aqui queria começar a questionar, se é que me é permitido fazer isso, precisamos mesmo de um evento tão grande? A primeira resposta é, sim, claro, afinal são bandas de renome, neste ponto eu diria, o que faz mesmo o rock hoje em dia? São as grandes estruturas? São os mega equipamentos de luz? Ou é a música? Deixo a resposta a cargo de quem estiver lendo este texto.
Se pegarmos o histórico do evento o povo do Brasil já tem tantos motivos para boicotar esse evento que é possível listá-los, razões que mostram que o RiR na verdade só existe em prol da grana, e que se for possível, ele vai sabotar o espírito do rock.
  O evento que faz parte da história do rock nacional, desde sua origem, que mudou a vida de tantas pessoas no país já desde o começo tinha o cárater de experimentação do rock com os rítmos brasileiros, para ver isso, basta ir ao rock in rio de 91 e ver o Red Hot Chili Peppers tocando com uma escola de samba, mas essa mistura nunca desceu na garganta do público, vide o Carlinhos Brown, Nx0, Cláudia Leite e até o Lobão tomaram vaia do pessoal, desconheço a razão do Lobão mas todos os outros foram por razões obvias de incompatibilidade com o evento.
  Logo com as propostas das gringas, o evento foi usurpado do Brasil e o Rock in Rio sai para se prostituir pelo mundo, deixando o Rio e o Brasil sem rock. Aqui temos a primeira razão que o público brasileiro deveria deixar de pagar para um evento como esse. Além de tudo, eventos como o RiR criam uma imagem do rock que simplesmente foi implementada pelas gravadoras, que rock é luxo, é algo superespetacular, enfim essa coisa megalomaníaca que temos hoje.
  É muito triste ver por exemplo as pessoas que gostam de rock irem à um evento desse porte e financiar bandas como Nx0 e Glória, que são colocados estrategicamente em dias que outras bandas que trazem um grande público pro evento vão tocar, já que se paga por dia, quem por exemplo foi ver Red Hot Chili Peppers PAGOU PRO Nx0, por falar em RHCP é bom lembrar que a camisa que o vocalista da banda o Anthony Kieds usou durante o show era parte de um contrato com a Ambev do Peru, grupo da cerveja Brahma, esta camisa só foi trocada por uma outra que foi em homenagem ao filho da Ciça Guimarães, que morreu atropelado por um cara que dirigia bêbado, vale lembrar que a Heineken foi a única marca de cerveja que podia circular no evento. Dá pra sacar de longe que a banda realmente liga pra alguma coisa a não ser tocar e ganhar milhões por isso.
   Nessa história toda temos um público que vai cegamente seja por ignorância, hipocrisia, comodismo, conformismo, enfim qualquer razão que seja, o que rola mesmo é um comercialismo consentido pelo próprio pessoal que depois ainda tem coragem de falar mal do próprio evento.
   Claro que o RiR é uma opção bem mais barata de se pegar bandas de fora, pois nenhuma banda de fora do país toca aqui com preços acessíveis, muitas vezes os ingressos das famosas áreas “vip” (very idiot people) custam mais caros que um salário mínimo, mostrando que não tem outra razão para a banda estar por aqui se não dinheiro, pelo lado financeiro o RiR realmente é uma das melhores opções do mercado para tod@s que querem consumir o rock (pois é, não consumo rock eu vivo!).

Aqui fica os sinceros pêsames de uma alma que acredita que o rock tem salvação e que o mesmo não tem nada a ver com o que o RiR e outros eventos de massa veiculam.

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