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quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Considerações sobre White Metal

Há muito tempo eu tinha pensado em escrever essa matéria, desde antes, com o contato com o pessoal do black metal, altas ideias trocadas a respeito sobre a razão de ser do satanismo e tudo mais.
Com o acontecimento do Barreiras Rock Fest, festival realizado com maioria de bandas de white metal e a aceitação da galera sobre o assunto, resolvi voltar naquela questão do passado e escrever essas linhas.
 

É muito estranho, pessoalmente, olhar para como as coisas são hoje em dia e ver o cristianismo tão dominante. Ter sex shops e até casas de swing para cristãos, realmente não me assusta, só mostra como essas pessoas querem ter seu ego livre para fazerem tudo que fizeram durante os 2 mil e quinhentos anos de dominação, só que hoje, de um jeito mais cool e menos esparrado como antes. Antes só a minoria de cabeças da religião tinham acesso e poderiam realizar todo tipo de bacanal, hoje isso é permitido a todos os seguidores.
A dominação da igreja é subsequente da dominação do capital, logo, a expansão do capitalismo vem seguindo os mesmos rumos de antes. Pra quem já mandou com os poderes maiores do que os do governo, hoje em dia ela mantém o sistema tanto econômico quanto político, vide bancadas evangélicas num estado laico.
O mais incrível é o que em nome de deus/dinheiro essas pessoas fazem, cooptam tudo para seu meio para se tornar santo/rentável, a exemplo disso temos o próprio white metal, que é um meio de dizer para os jovens, "venham para nosso meio, aqui também tem rock pesado, nós também somos legais". Tudo para aumentar seu grupo social/mercado. Nesse meio, pessoas dizem que acham péssimo meter religião no meio e colocam até em comparação o satanismo, que existem tantas correntes, que inclusive, são atéias. 

Hã?
No embalo de Jesus todo mundo vai indo para um contexto totalmente obtuso, politicamente vazio e alienante, como a própria igreja promete. É um tal de sentar e esperar que tudo vai melhorar, de que se é assim é porque deus quis e assim por diante. Falam de drogas como pecado, mas não falam que a corrupção no país é um pecado, nem que o maior direito de um ser humano é a liberdade. Junto com isso vem campanhas totalmente burguesas como arrecadação de alimentos (mas só arrecadar, que ir em abrigo distribuir, passar um dia num asilo ou numa creche com aquele monte de gente pobre e esquecida por perto já é demais), que serve para lavar o ego e dizer que fez alguma coisa pela sociedade, filantropia, mas ao mesmo tempo não lembra de dizer que o governo era obrigado a fazer aquilo. Vem campanhas como aquelas à favor da paz, contra o crack, mas claro nenhuma que pressione o governo em investir na educação e condições de vida para as pessoas da periferia, querem internar viciados para que, estes, não sejam problemas nas ruas e tentem cobrar dos ricos o que eles devem para a sociedade, mais polícia na rua - por que claro, a polícia está nas ruas para servir quem tem grana, não quem é pobre e negro.
Se fala em acreditar em deus, ir para igreja e em mudança interna, mas nunca se fala que tem uma bancada evangélica no governo com leis absurdas e totalmente violenta contra gays, mulheres, crianças (porque preferir uma criança abandonada num abrigo é melhor que deixá-la ter dois pais ou duas mães).
Enfim, o único objetivo desse tipo de música é alienação do começo ao fim.
E por fim, o rock se torna uma festa, com músicos, com pessoas dançando, bebendo, apenas consumindo e nunca criando ou transformando, igual qualquer outra e o que era pra ser algo diferente no fim das contas não tem nada de diferente, acaba apenas fortalecendo o status quo e nunca mais busca mudanças, um dos princípios do rock. Se for apenas pra ouvir uma mensagem de amor ao próximo para depois, voltar pra casa, colocar a cabeça no travesseiro e esquecer, melhor nem começar.

5 comentários:

  1. Uma opinião apenas sem a contextualização de nada.. creio que sua opinião postada não reflete em muitos aspectos as vertentes e realidades e momentos que a sociedade reflete. White Metal não é somente musica cristã, reflete mudanças de atitudes e comportamentos, geralmente canta-se o que se vive! Sugiro Xi Drinx pesquisar e conhecer pra depois publicar ou tentar banalizar algo tão real e precioso independente de bandeiras ideológicas ou religiosa de qualquer natureza, a METANÓIA acontece primeiro no coração.. por isso jamais será algo pra curtir pular e depois esquecer.. é VIDA. Estilo de VIDA..

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    1. Carlos, eu pesquisei e até onde eu sei esse "algo real e preciso" é só mais uma cooptação capitalista.

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    2. Hmm... não tenho contextualização no sentido de vivenciar isso porém o que vejo de fora (e de fora se vêem coisas que não se vêem por dentro, por já estar acostumadx e enraizadx certas características) não é bom...
      Estilo de vida é uma expressão muito usada e pouco diz, pois pose também é um estilo de vida. O problema principal que vejo é a alienação e captação, não o cristianismo em si (já que gente boa, até na igreja tem). A mudança não se faz rezando, ouvindo coisas sem sentido ou consumindo, e sim fazendo. Independente de estilo musical, caráter é outra coisa e está acima de tudo isso...

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    3. isso sim faz sentido,todos deveriam pensar assim

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  2. Parabéns pelo ótimo texto, concordo plenamente com o que foi escrito.

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