Páginas

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Entrevista com Ativista da Frente de Libertação Animal



[EUA] Entrevista com o ex-preso animalista Peter Young
[Entrevista com Peter Young, nas ruas desde 2007, sobre seu caso e seu atual compromisso com a luta pela libertação animal.]
Pergunta > Comecemos com uma pequena apresentação, para quem não está familiarizado com Peter Young.
Peter Young < Comecei a me envolver no movimento pela libertação animal entre finais de 1995 e princípios de 96, durante o tempo que estive morando em Seattle. Em 1997 seis fazendas de pele no Meio-Oeste foram visitadas por ativistas em um período de duas semanas, resultando em 8.000 a 12.000 visons e 100 raposas liberadas, além de perdas de informações sobre o registro genealógico dos animais em cada fazenda. Em 1998 uma outra pessoa e eu fomos acusados destas seis ações. O FBI me perseguiu durante sete anos e meio antes de finalmente me prender na Califórnia, no ano de 2005. Enfrentando uma condenação acumulativa somada em 82 anos de prisão, meu advogado teve a sorte de conseguir que a seção de “delito grave” de minha condenação fosse rechaçada, e daí finalmente fui condenado há dois anos em uma prisão federal. Logo me acusaram novamente de outra libertação de visons na Dakota do Sul, e me fizeram essa acusação quando restavam apenas 6 dias para sair em liberdade. No final, saí às ruas em 2007.
Pergunta > Para aquele/as que nunca experimentaram, e provavelmente nunca vão experimentar a sensação de libertar um animal, poderia definir como se sentia quando abria essas jaulas?
Peter < Era tudo o que sou e para tudo o que vivo se cristalizando em um instante. E aquilo provava que a vida vivida sem permissão é a que melhor se pode viver.
Pergunta > Na sala de julgamento não somente não pediu desculpas aos fazendeiros cujas propriedades atacou, mas também você leu um discurso dirigido a eles no qual garantia sentir orgulho de ter liberado os animais de suas propriedades. Provavelmente foi muito difícil dizer tudo aquilo num ambiente tão intimidatório, não?
Peter < Trinta minutos antes de entrar na sala de julgamento eu estava preso numa cela com uma pessoa acusada de assassinato e outra que ia ser condenada também por assassinato, vários casos de violência doméstica e um monte de agressões. Depois de seis meses, acordando na mesma cela, nada mais parece tão intimidatório. Sobre meu discurso: palavras são palavras. Faz-nos sentir bem, mas sentir-se bem nunca deve ser confundido com atuar bem. É fácil cair sob o feitiço das palavras, operar sob a ilusão de ser efetivo porque temos as “opiniões corretas” ou escrevemos as coisas adequadas, que alguém te cative porque é capaz de organizar as palavras de uma forma sedutora. No entanto, seguiremos condenando o mundo a um final em curto prazo se seguirmos confundindo o ato de falar sobre fazer coisas com o ato de fazê-las realmente. Gostaria que minhas palavras ecoassem nas cabeças daquelas pessoas pelo resto de suas vidas, para que a cada noite se sentissem perseguidas por esse que tem conseguido se converter em seu pior inimigo, e que é o defensor daqueles cujo sangue eles derramam todos os dias. Se consegui, então não há desculpas.
Pergunta > O apoio que você recebeu enquanto estava na prisão foi muito grande, tanto por parte do movimento de libertação animal como da cena hardcore, todos buscando te dar uma mão, apoio econômico e te ajudar da melhor maneira possível. Isto tornou a tua prisão um pouco mais suportável?
Peter < Os efeitos de todo esse apoio foram numerosos. Desde conseguir a liberdade de poder comprar um monte de produtos veganos adequados à incredulidade dos outros presos ao verem a grande quantidade de cartas que recebia. Pessoalmente foi muito benéfica e espero que sirva de exemplo para aquelas pessoas que decidiram atuar segundo sua própria consciência, e não segundo a das leis; que seja uma mensagem clara de que se algum dia te seqüestrarem, você terá um monte de pessoas para te apoiar. Espero que esta mensagem seja realmente ouvida.
Pergunta > Da tua sentença, passando por tudo que tem enfrentado, você se arrepende de alguma de tuas ações?
Peter < Só me arrependo de cada momento que perdi pedindo permissão para fazer coisas, cada momento em que pensei pouco ao invés de atuar muito, e de cada animal que deixei para trás.
Pergunta > Desde quando saiu da prisão você tem permanecido ativo pelos animais, dando palestras etc. Em algum momento passou pela tua cabeça que o melhor seria deixar o movimento e descansar? Você sentiu medo de voltar a ser preso novamente?
Peter < Fiz-me essa mesma pergunta há dez anos, e creio que a resposta que dei a mim foi revelada de maneira bem pouco ambígua durante os últimos anos.
Pergunta > O que o futuro aguarda?
Peter < Um livro, levar minha voz onde ela seja necessária, sem nunca deixar de colocar meu grão de areia.
Pergunta > Algo a acrescentar?
Peter < Pense grande!

Fonte: La Cizalla Ácrata
Tradução > Marcelo Yokoi
agência de notícias anarquistas-ana
no alvorecer
uma colcha azulada
pintando o céu


Mar.zakhia


Nenhum comentário:

Postar um comentário