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domingo, 4 de dezembro de 2011

Era mais fácil, hoje ainda também

Era mais fácil quando era moleque, pegava qualquer coisa e fazia uma música, violão, guitarra, baixo, bateria, qualquer coisa, mesmo que estivesse desafinado, na verdade, tava desafinado na maior parte do tempo, por que ninguém nunca soube afinar mesmo...
Tinha as roupas rasgadas, os cabelos adolescentes crescendo, e aquele furor jovem, sempre.
Antes tinha de carregar as caixas de som, montar e desmontar tudo, hoje ainda também. Tinha uma garota da cidade que gostava de ouvir, se não gostava do som, gostava de ver a gente tocando, ela sempre botou fé, hoje ainda também.
Hoje em dia pegar no baixo, violão, ou guitarra pra fazer uma música é diferente, sempre vem aquela pergunta, pra que? por que? Mas logo vem a resposta, na verdade, ela tá bem na nossa frente, com um fuzil, numa cama de jornal, ou segurando um cartaz, de vez em quando só o brilho de algum olhar inocente basta.
Cada dia mais é sobre alguma coisa, alguma resposta a dar, ou na verdade, alguma pergunta pra ser feita quando não souber a resposta.
Mas o som vai tá lá, e vai ecoar muito, muito e muito até que um dia ele reverbere em um novo corpo e tome continuidade, quando as mãos que o criou não passe de poeira no chão.


Dedicado à música Depósito de Lixo da Poluição Sonora que acaba de atingir mais de mil downloads.

2 comentários:

  1. Belo texto Xis. Viver é caminhar em busca do que nos faz bem. É prosseguir, sempre.

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  2. porque esse no fim é o espírito do underground, não é? é dar o suor e cantar com o espírito. no fim, os caras do underground são os artistas mais sinceros que existem. muito bom o texto, shiu!

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