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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Descoberta vala comum de refugiados e imigrantes em Evros, na Grécia


[Acredita-se que entre 150 e 200 cadáveres foram enterrados numa vala comum em Evros. A maioria dos corpos são de muçulmanos, provenientes principalmente do Afeganistão e do Iraque. No local há apenas uma placa toda perfurada de balas com os dizeres "sepultura em massa de imigrantes ilegais". Esta é a Grécia, esta é a União Européia, este é o capitalismo, esta é uma guerra e nós vamos começar a vingança.]
Durante os primeiros sete meses de 2010, 38 homens morreram ao tentar atravessar a fronteira fortemente vigiada greco-turca. Os corpos dos mortos estão sendo transferidos para o departamento de medicina forense da clínica universitária de Alexandroupoulis. Uma vez que eles não podem ser identificados, apenas um teste de DNA permitirá que os parentes possam identificá-los.
Em 25 de junho de 2010, 19 pessoas se afogaram no rio Evros, fronteira natural com a Turquia no nordeste da Grécia. Outros 14 cadáveres foram arrastados para o lado grego do rio e levados para uma clínica universitária por um empresário de Orestiada.
Depois dos mortos terem sido examinados e registrados, o empresário os enviou para uma aldeia da minoria turca nas montanhas acima de Soufli, para serem enterrados no cemitério muçulmano.
No entanto, os cadáveres podem agora ser encontrados numa vala fora da aldeia de Sideró, num terreno inacessível. Apenas uma placa, marcada por muitos tiros de pistola, diz que o lugar é um "cemitério dos imigrantes ilegais", onde os cadáveres estão enterrados. É óbvio que se trata de uma vala comum.
Ao se aproximar do local, pode-se ver os buracos que foram escavados e novamente preenchidos por tratores bulldozers e que podem conter dezenas de cadáveres.

 Investigações na área indicam que esta prática tem vindo a ocorrer há vários anos. Acredita-se que entre 150 e 200 mortos foram enterrados em vala comum. Embora o governo local tenha ordenado uma ablução e enterro de acordo com o rito muçulmano, os mortos foram apenas enterrados na vala comum. Esta prática denota ausência de qualquer respeito nem para os mortos nem para os seus familiares. Mesmo uma exumação para que os mortos sejam enterrados de uma forma mais digna não é mais possível.
A existência dessa vala comum na fronteira externa da União Européia vem reforçar a imagem de humilhação constante e degradação do apoio aos refugiados e imigrantes. É com uma brutalidade sistemática que os refugiados e imigrantes são impedidos de cruzarem as fronteiras, a mesma brutalidade com que encaram a morte de quem procura proteção. Mesmo após a sua morte, estes seres humanos continuam a ser pessoas de segunda classe que aparentemente não merecem sequer um enterro com dignidade humana. Protestamos contra o tratamento abominável dos refugiados e imigrantes e o desprezo que é mostrado para com eles, não importa se vivos ou mortos.
O jornal Ta Nea comenta:
“Para os moradores de Sidero, que administrativamente pertence ao município de Soufli, onde a maioria dos habitantes são muçulmanos gregos, é um segredo compartilhado que esta coisa está acontecendo na sua aldeia há muitos anos. Inicialmente, a polícia enterrava lá imigrantes ilegais mortos, posteriormente o mouftia de Evros solicitou que as regras do enterro muçulmano tinham que ser seguidas, visto que a maioria dos imigrantes ilegais são muçulmanos. Isto é como o "cemitério" em Sidero foi criado. Permissão sanitária nunca foi emitida para aquele lugar. Além disso, além do sinal nada mais se assemelha a um cemitério. Nos últimos anos, funcionários do Estado decidiram subsidiar o processo. Um empresário foi escolhido após um processo de leilão. Cada corpo tem um preço de 700 euros. De acordo com a lei dos corpos, eles são mantidos em geladeira até 80 dias, e se ninguém os reconhecer e reclamar acabam indo para o cemitério de despejo.
Vídeo:  
Tradução > Liberdade à Solta
agência de notícias anarquistas-ana
a borboleta
pousa sobre o sino do templo
adormecido
Buson

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