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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Fotos do local onde as onças serão confinadas no Parque Ecológico Cotia-Pará


No conjunto da matéria do jornal A Tribuna do dia 23 de agosto, sobre o abandono e maus-tratos aos animais no mini-zoológico do Parque Ecológico Cotia-Pará, em Cubatão, o secretário de Meio Ambiente da cidade, José Roberto Baldini, entre outras coisas, disse: “Dentro de um mês e meio, os quatros novos abrigos com jaulas, em fase final de construção, ficam prontos para receber novas atrações: duas jaguatiricas e um cachorro do mato”.
Pois é, a resposta dele para os problemas e morticínio no mini-zoológico é trazer mais animais para este lugar sombrio, incentivando a cruel indústria de entretenimento e confinamento animal.
Não tenho bola de cristal, mas duvido que tenha passado pela cabeça deste senhor, ou da prefeita, a idéia de acabar com todas as jaulas daquele parque. Afinal, ele e ela acreditam que os animais são propriedades de consumo, de sadismo e de lazer.    
Ontem (28 de agosto), fui ao parque "conhecer" estes “novos abrigos” (imagens em anexo). O local é vergonhoso, outro absurdo e ignorância do ser humano. Confinar as jaguatiricas e o cachorro do mato nestes espaços exíguos é mais uma violência e descaso das autoridades “ambientais” com os animais. Uma jaula apertada que não deixará quase nenhum espaço para que os animais possam mover-se; dois espaços sem nenhuma vegetação e os outros dois com pouquíssima vegetação; nenhuma jaula com árvores, e que em dias de temperatura alta deverá "ferver".
No seu habitat natural estes animais perambulam extensas áreas e vivem subindo em árvores, fazendo buracos, se banhando, mas seus novos habitats serão pequenos, de concreto e aço, drasticamente diferentes dos ambientes naturais onde seus pares moram.
Secretário, você gostaria que seus filhos fossem sobreviver em espaços minúsculos como estes, privados da sua liberdade e expostos a uma sobrevivência rotineira?
Por outro lado, por que você, a prefeita Marcia Rosa, a chefe do Ibama da Baixada Santista, Ingrid Furlan, e o biólogo responsável pelos animais do parque, Guilherme Secchiero, não passam uma temporada nestes cativeiros, para sentirem na pele e na alma o "prazer" de uma jaula? 
A seguir, deixo mais algumas perguntas para o senhor, responda:
• A manutenção de animais em cativeiro representa algum aprendizado ecológico, de educação ambiental?
• O que as crianças vão aprender vendo estes animais enjaulados andando de um lado para o outro, sentenciados a vidas tediosas?
• Quem teve esta infeliz idéia de trazer estes felinos e o cachorro do mato para o parque?
• Qual a procedência destes animais?
• Estas novas jaulas têm o certificado de “habite-se”?
• O Ibama aprovou o confinamento e exposição destes animais?
Tudo leva a crê que mais uma vez a estupidez humana reinará nesse parque, tendo como alvo os animais. Mas, aqueles e aquelas que respeitam e gostam de animais, livres e na natureza, podem “gritar”, mesmo de longe. Assim, escreva para os e-mails abaixo protestando e pedindo para as autoridades abandonarem seus planos de trazerem novos animais e condená-los a uma terrível vida de jaulas, solidão e sofrimento no mini-zoológico do Parque Ecológico Cotia-Pará.
Marcia Rosa, Prefeita de Cubatão: prefeitacubatao@ig.com.br  
José Roberto Baldini, Secretário Municipal de Meio Ambiente: r_baldini@hotmail.com  
Ingrid Furlan, Chefe do Ibama Baixada Santista: ingfurlan@gmail.com
Moésio Rebouças 



 
Nelson Motta critica existência de zoológicos
Como parte dos deveres e prazeres de um avô, levei minhas netas ao Jardim Zoológico, o mesmo que me encantara na infância. Na saída, elas estavam meio decepcionadas, e o avô deprimidíssimo.
Os grandes felinos, atração máxima, dormiam prostrados, uns na toca e outros no fundo da jaula. Pareciam dopados, mas me disseram que os tratadores lhes antecipam o almoço para que apaguem e não se perturbem com as multidões de crianças e adultos gritando em frente ao cativeiro. Elas querem ação, e os pobres grandes felinos só querem dormir, talvez sonhar que estão numa savana africana correndo atrás de antílopes.
O velho elefante empoeirado balançava a tromba em desalento. O hipopótamo, talvez com vergonha, estava enfiado no seu abrigo e exibia só a traseira descomunal. Dois pinguins tinham sido comidos, na véspera, por enormes e ferozes cães vira-latas, vindos das matas e favelas vizinhas. Mais ferozes e malandros do que as feras enjauladas, cavaram um túnel sob a cerca e devoraram as aves.
O que há de educativo em ver bichos tristes e humilhados, expostos à visitação pública? É uma perversão do que se vê nos espetaculares documentários da televisão, onde realmente se aprende sobre os animais e sobre nós mesmos.
O cativeiro só se justifica para preservar espécies em extinção, que merecem zoos cinco estrelas para reproduzir, e voltar à vida selvagem.
É espantoso que, em plena era da ecologia, da sustentabilidade e da correção política, ainda existam jardins zoológicos. São provas vivas de crueldade com os animais, deveriam ser extintos. No Rio de Janeiro, a lei já proíbe exibir animais em circos - e é cumprida.
Um vez sugeri aos amigos do Casseta & Planeta um quadro em que animais livres e pacíficos passeavam com seus filhos por um zoológico com jaulas cheias de humanos mentirosos, gananciosos, covardes, sádicos e assassinos. O que mais divertia os filhotes dos macacos era a gaiola dos políticos ladrões.
Fonte: Estadão

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